Worldskill pode despertar interesse pelo ensino técnico, acreditam especialistas

Da Redação | 26/11/2014, 19h23

A Worldskills Competition 2015, maior torneio de educação profissional do mundo, pode ser a oportunidade para despertar o interesse dos brasileiros pelo ensino técnico. Essa é conclusão dos participantes de audiência pública sobre o tema realizada nesta quarta-feira (26) pelas Comissões de Educação, Cultura e Esporte (CE) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

Promovida pela International Vocational Training Organization (IVTO) desde 1950, a WorldSkills reúne os melhores alunos do ensino profissionalizante de mais de 60 países das Américas, Europa, Ásia e África. Na competição, eles precisam demonstrar habilidades técnicas, individuais e coletivas para executar as tarefas de sua profissão dentro de padrões internacionais de qualidade. A edição de 2015 será realizada em São Paulo, entre 11 e 16 de agosto.

O presidente da WorldSkills International, Simon Bartley, disse que os competidores não se esforçam apenas pelo seu sucesso no evento. Um bom desempenho representa a habilidade do país de origem para treinar e desenvolver os jovens para o mercado de trabalho. Bartley diz acreditar que a competição inspira as pessoas para que tenham êxito na vida.

- Pessoas jovens não são o futuro somente para o seu país. Os competidores de todo o mundo são o nosso futuro, são indivíduos que farão nosso mundo um lugar melhor - frisou.

Para ele, o apoio do Senado na divulgação do evento é fundamental, já que o interesse dos organizadores não é só o de realizar a competição, mas de despertar interesse e divulgar, tanto quanto possível, seus objetivos e resultados. O presidente da CE, senador Cyro Miranda , prometeu empenho na tarefa.

- Através desta casa, de cada um dos participantes, que sejamos grandes incentivadores e divulgadores desse evento. O maior vencedor somos nós, que estamos conquistando esse espaço disse.

Legado

O diretor-executivo da competição, David Hoey, afirma que a realização do evento no Brasil é um investimento que pode dar retorno ao país e influenciar diretamente na quantidade de trabalhadores da indústria e na qualidade para atingir padrões internacionais.

- O Brasil, assim como muitos outros países no mundo, parece dar muita ênfase em levar os jovens à universidade em vez de reconhecer que o ensino técnico é uma boa opção de carreira – afirmou.

O diretor-geral do Senai e diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, concorda. Para ele, o Brasil precisa investir mais na educação profissional. Essa mudança poderia melhorar o sistema econômico, abrir oportunidades para a juventude ingressar no mercado de trabalho, melhorar competitividade de empresas brasileiras e assegurar um país com maior capacidade de desenvolvimento e com mais oportunidades.

- Nós temos os problemas de baixa qualificação do trabalhador como um dos principais entraves do ganho de produtividade no Brasil. Essa é uma questão central – apontou o diretor.

A falta de ênfase no ensino profissionalizante no Brasil foi lembrada, ainda, pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que citou o exemplo europeu nesse tipo de ensino.

Como um dos passos para mudar essa realidade, o representante da Secretaria de Indústria, Educação Profissional e Tecnologia do Ministério da Educação Luciano Toledo destacou o investimento do governo na educação profissional. Uma das principais iniciativas é o Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que conseguiu igualar o número de matrículas do ensino profissional ao do ensino superior.

Vencedor

Durante a audiência, os participantes ouviram o relato de Rafael Wenderson, ganhador de duas medalhas de ouro nas categorias melhor soldador e melhor competidor brasileiro na WorldSkills Américas 2014. O jovem falou sobre a preparação para os títulos e do orgulho de representar o pais.

- Não é cor, não é classe social, não é sotaque que vai provar quem você é: é a confiança de correr atrás  e conseguir ser o que você quer ser – disse o soldador.

A diretora da Divisão do Ensino Fundamental e Médio da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Fátima Aparecida Antônio, disse que a realização do evento na cidade é uma oportunidade não só para os alunos, como Rafael, mas também para professores, que poderão interagir com o ensino técnico de outros países do mundo.

- O Brasil ganhou uma grande oportunidade e São Paulo ganhou um grande presente de poder receber tantas delegações de estudantes estrangeiros – comemorou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)