Europa quer 'exportar desemprego', alerta Requião
marcos-magalhaes | 24/01/2013, 12h50
Ao mesmo tempo em que fortalece os canais de comunicação com a Europa, o Mercosul deve tornar clara sua divergência em relação ao melhor caminho para sair da crise econômica mundial, disse nesta quinta-feira (24) o senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul). O senador participou, em Santiago, no Chile, da abertura da Assembleia Parlamentar Eurolatinoamericana (Eurolat).
Na opinião de Requião, os países europeus erram ao adotar a ortodoxia econômica para superar a recessão.
- O momento é de conversar, mas não aceitar o liberalismo econômico. Este é o momento de mostrar que eles estão errados e são uma sucursal da Goldman Sachs – disse Requião por telefone à Agência Senado, em uma referência ao banco norte-americano de investimento.
O senador criticou a política de corte de gastos sociais promovida pela União Europeia (UE) e defendeu o modelo brasileiro de superação da crise econômica, que vai “exatamente em sentido contrário à da Europa”, como observou.
Acordo
Para ele, deve ser vista com cautela a intenção dos europeus de retomar as negociações com o Mercosul a respeito de um acordo de livre comércio entre os dois blocos, interrompidas desde 2004. Ele atribui a tentativa de reabrir as negociações ao “desespero” da Europa, que estaria tentando transferir seus problemas à América do Sul.
- Os europeus querem passar seus problemas para cá. Querem exportar mercadorias e desemprego. Temos que resistir a isso. Crise mundial precisa de solução solidária, mas não prejudicando o nosso bloco – afirmou Requião.
A Eurolat ocorre dois dias antes da abertura da 1ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac) - União Europeia. A Celac, novo mecanismo de promoção do diálogo político regional, foi criada em 2010, durante cúpula de chefes de Estado da região realizada no México.
Cúpula
Também nesta quinta-feira (24) ocorre, em Brasília, a 6ª Cúpula Brasil-União Europeia, com a presença da presidente Dilma Rousseff, do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Entre outros temas, eles tratarão da situação econômica e financeira internacional, da atuação do G-20 – grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo e a UE – e de temas birregionais, inclusive o andamento das negociações para um Acordo de Associação Mercosul-União Europeia.
A União Europeia, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, é o principal parceiro comercial do Brasil, enquanto o Brasil é o nono maior parceiro comercial do bloco. Em 2012, a corrente de comércio bilateral atingiu US$ 96,6 bilhões. Os países-membros da União Europeia investiram cerca de US$ 36 bilhões no Brasil em 2011. O Brasil, por sua vez, já é o quinto maior investidor direto na UE, com estoque acumulado, em 2010, de cerca de US$ 80 bilhões.
Na quarta-feira (23), ao participar do encerramento do 6º Encontro Empresarial Brasil-UE, o ministro doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que o governo brasileiro tem interesse em avançar rapidamente na direção de um acordo entre Mercosul e a União Europeia. Ele ressaltou, porém, como informa a Agência Brasil, que o Brasil precisa buscar apoio a esse acordo junto aos demais países do Mercosul – Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai – este último suspenso temporariamente.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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