Alvaro Dias: 'Concluímos uma CPI com enterro de terceira categoria'

Da Redação | 21/11/2012, 16h15

O resultado das investigações da CPI do Cachoeira, que teve a apresentação do relatório final adiada mais uma vez, foi duramente criticado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) nesta quarta-feira (21). Em Plenário, o senador afirmou que a comissão, criada para investigar as relações de Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados, desperdiçou "uma grande oportunidade” de recuperar a credibilidade do Congresso Nacional junto à opinião pública, ao deixar de expor “um dos maiores escândalos de corrupção do país”.

Alvaro Dias reconheceu que o esquema a ser investigado pela CPI era complexo, envolvendo dezenas de empresas, agentes públicos e agentes privados e com desvio de milhões de reais, mas criticou o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), por não ter chegado ao essencial, mesmo contendo mais de cinco mil páginas. Na avaliação de Alvaro Dias, o relator se limitou a repetir as informações já levantadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.

- Por melhor que possa ser esse relatório apresentado pelo deputado Odair Cunha, ele não atende às expectativas da realidade, ele não alcança a essência do escândalo, é insuficiente, não é completo, é incapaz de apontar o mal existente ao redor da empresa Delta, sobretudo junto ao governo da União e ao governo do estado do Rio de Janeiro. Procurou-se armar uma blindagem intransponível para poupar esses governos. Estamos concluindo uma CPI com enterro de terceira categoria - resumiu.

Para o senador, o objetivo inicial da comissão parlamentar era desviar o foco do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, tentativa que teria sido frustrada. Outro objetivo, acrescentou, era ferir, se possível mortalmente, o PSDB de Goiás. Por isso, segundo Alvaro Dias, as investigações se restringiram aos fatos ocorridos no eixo Goiás-Tocantins e, mesmo com indícios de que a corrupção maior ultrapassava essa “fronteira”, não se estenderam a outros estados.

Um exemplo dessa estratégia seria o fato de o próprio relator ter elencado 116 empresas sob suspeição, que deveriam ser investigadas, mas não o foram nem tiveram quebrado o sigilo de seus dados. Segundo o senador, milhões de reais saíram dos cofres públicos, passaram pela Delta e foram repassadas a empresas fantasmas – sem funcionários, produção ou prestação de serviço, mas com movimentações grandiosas em suas contas bancárias. Essas empresas teriam sido criadas para ocultar e desviar valores, lavar dinheiro sujo e repassar recursos na forma de propina para os participantes do esquema liderado por Cachoeira e por Fernando Cavendish, dono da Delta.

Em aparte, o senador Pedro Taques (PDT-MT), também integrante da CPI, concordou com o colega e afirmou que a comissão parlamentar "não chegou a bom termo em função da mesquinharia político-partidária”. De acordo com Taques, o que se viu na comissão foi uma vingança - contra políticos, contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e contra jornalistas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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