Cidinho reclama da retirada de trabalhadores no Araguaia

Da Redação | 19/11/2012, 19h35

 

O senador Cidinho Santos (PR-MT) criticoua ação da Secretaria Geral da Presidência da República, sob o comando do ministro Gilberto Carvalho, que tenta retirar a população branca das terras Suiá-Missu, no Mato Grosso, na área de São Felix do Araguaia e Alto Boa Vista.

- Estou alertando para a iminência de um confronto armado e derramamento de sangue naquela região – advertiu o senador, em pronunciamento nesta segunda-feira (19).

Cidinho Santos disse que dois assessores de Carvalho estariam espalhando o terror entre os cerca de sete mil trabalhadores que devem sair da terra, segundo entendimento da Justiça, no dia 6 de dezembro. Paulo Maldo, ex-marido da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, e Nilton Turbino estariam, segundo o senador, agindo em nome da presidente Dilma Rousseff e notificando as pessoas da perda de suas propriedades de maneira insensível.

- Eles estão trazendo desordem, desunião e desespero a quase sete mil pessoas. Eles não tem consideração pelo povo brasileiro, agindo com mentira, dizendo que há 174 pessoas a serem retiradas. Só nas escolas há 900 crianças matriculadas que não sabem se vão terminar o ano - denunciou.

O senador informou que as rodovias federais da área foram bloqueadas na sexta-feira (16) para que as famílias fossem notificadas pela Força Nacional para deixar suas casas. Ele mencionou a eficiência da Força Nacional para "caçar a população não-indígena e trabalhadores honestos no Mato Grosso" e lamentou sua “falta de disposição” para caçar bandidos e restaurar a paz em cidades de São Paulo e Santa Catarina, que atualmente sofrem com a onda de volência promovida pelo crime organizado.

Cidinho Santos disse que uma retirada responsável dos trabalhadores requer ação conjunta dos governos federal e estadual para oferecer às famílias um novo lugar para viver com dignidade e trabalho.

- Essas pessoas não são grileiras, elas foram colocadas ali pelo próprio governo, em programas de assentamento, e a elas foi dada a titularidade da terra. Agora, 30 anos depois, o governo quer que saiam e, em troca, se inscrevam num programa de reforma agrária - ressaltou.

Cidinho Santos lembrou que as reservas indígenas do estado já atingem 12,5 milhões de hectares, equivalente ao Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Alagoas juntos. Há propostas da Funai que aumentam a área para 16 milhões, ou seja, 19% do território do estado – ou a área equivalente a mais dois estados brasileiros.

Para ele, a solução da causa indígena não é aumentar a área onde vivem os índios, mas dar condições de vida digna e de produção e, principalmente, combater o crack e uso do álcool.

O parlamentar também criticou a Funai pela relação com organizações não-governamentais estrangeiras e antropólogos internacionais que, de acordo com ele, não têm como prioridade o interesse da nação e só querem aumentar o território indígena no Brasil sem levar em conta as consequências disso.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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