CPI pedirá sequestro de R$ 150 milhões em bens da organização de Cachoeira

Isabela Vilar | 18/09/2012, 21h10

A CPI do Cachoeira vai pedir ao Ministério Público Federal em Goiás que requeira ao Poder Judiciário o sequestro dos bens da organização comandada por Carlinhos Cachoeira. A decisão foi tomada após o jornal Correio Braziliense ter denunciado a tentativa de venda de bens da organização. O valor total dos bens é de cerca de R$ 150 milhões.

Na avaliação da comissão, o dinheiro poderia ser usado para a fuga de envolvidos, motivo pelo qual será pedido também que os passaportes dos investigados sejam retidos.

– Essas são as medidas que imediatamente a CPI está tomando. Temos que tomar uma providência e é buscando dar uma resposta à sociedade que estamos aqui – afirmou o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Os bens relacionados pela CPI pertencem a pessoas e empresas ligadas à organização. No total, são cerca de 30 investigados que tiveram os bens listados pela CPI, entre eles integrantes da organização e parentes de Cachoeira.

Entre os bens relacionados está uma fazenda no valor de R$ 20 milhões em nome da atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça. No nome da ex-esposa de Cachoeira, Andrea Aprígio, há diversos imóveis, como casas, apartamentos, terrenos e fazendas, no valor total de mais de R$ 16 milhões, além de uma aeronave avaliada em R$ 750 mil. Já no nome do principal investigado, Carlinhos Cachoeira, há apenas um terreno no valor de R$ 1,5 milhão. Além disso, ele aparece como proprietário de uma fazenda de R$ 17,5 milhões, em sociedade com outras pessoas.

Segundo o presidente, a CPI já havia pedido, em maio deste ano, o bloqueio dos bens de Carlinhos Cachoeira e de outros suspeitos de fazer parte da organização. Os bens foram bloqueados pela Justiça, mas a decisão foi revertida em segunda instância. Agora, a lista foi atualizada pela comissão, com novos dados fornecidos pela Polícia Federal.

Os dados serão compartilhados com o Ministério Público, que já forneceu à CPI uma lista das empresas em relação às quais há mais preocupação. O objetivo da CPI, segundo o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), é dar publicidade à lista para evitar a venda dos bens, além de garantir uma decisão liminar que seja mantida após o julgamento do mérito.

– Esse compartilhamento antecipado, antes do fim do prazo regimental da CPI, é muito importante porque garante o sequestro dos bens – afirmou.

Segundo o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), é importante garantir que os bens fiquem congelados até que a ação transite em julgado, para que o estado tenha a possibilidade de reaver valores obtidos ilegalmente.

Quanto aos passaportes, a CPI espera que a Justiça determine um prazo para que todos os denunciados na ação penal decorrente da Operação Monte Carlo, em que Cachoeira foi preso, os entreguem à Justiça, sob pena de decretação da prisão preventiva. Segundo o presidente da comissão, são 81 pessoas nessa situação.

Dinheiro

Para o deputado Mendes Thame (PSDB-SP), que assinou o ofício ao Ministério Público como representante da minoria na comissão, a decisão da CPI é correta e tem o apoio de todos os membros, independentemente de partido. A divulgação da lista, no entanto, não basta, ressaltou.

– Temos cobrado que a gente siga o dinheiro. Evidentemente, queremos saber mais. Queremos saber com os dados do sigilo bancário dessas diversas [empresas] laranjas para onde foi o dinheiro, quem foram as pessoas beneficiadas, se houve agentes públicos, se houve políticos.

Segundo Vital do Rêgo, ainda não há data marcada para a próxima reunião da CPI, que só deve ocorrer após as eleições municipais de outubro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)