Cyro Miranda reprova estímulo ao consumo e defende reforma tributária como saída para aquecer economia

Da Redação | 02/07/2012, 17h25

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) criticou, em discurso nesta segunda-feira (2), as medidas econômicas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo como forma de aquecer a economia. Ele afirmou que a oferta de crédito está aumentando o endividamento das famílias e promovendo inflação, o que poderia comprometer a estabilidade financeira alcançada pelo país com o Plano Real. A solução, defendeu, seria fazer uma “reengenharia econômica”, com mudanças no sistema tributário.

Para o senador, a atual situação econômica do Brasil “é preocupante”. A arrecadação, que vinha batendo recorde mês após mês, teve, em maio, queda de mais de 16% em relação a abril. O país, ressaltou, já tem um nível de endividamento da ordem de 50% do PIB, algo em torno de R$ 2 trilhões. O nível de inadimplência chega a 8% desse valor, cerca de R$ 160 bilhões. Em relação às dívidas com o cartão de crédito, a inadimplência chega a 50%; e com os cheques especiais, a 17%.

Cyro Miranda afirmou que mesmo um leigo perceberia que o aumento de 20,5% da inadimplência no primeiro trimestre de 2012 resulta de as famílias, ao atenderem aos apelos de facilidades de consumo, estarem assumindo prestações e encargos além de sua capacidade de pagamento.

- A facilidade de acesso ao crédito tende a levar ao consumo irresponsável, que tem como consequência o desequilíbrio do orçamento familiar. Por isso, cabe perguntar se o estímulo irrestrito ao consumo é de fato o melhor caminho para evitar o desaquecimento da economia. É claro que não! – afirmou.

Em seu entendimento, a solução é promover uma “reengenharia” da economia brasileira, com desoneração da classe média, simplificação da cesta tributária e ampla renegociação da dívida dos estados. É preciso também rever o “complexo sistema tributário”, que estaria onerando as empresas e diminuindo as margens de lucros.

Cyro Miranda ponderou ainda que a inadimplência no setor do varejo bateu os 20%, índice superior à média de 16% dos demais setores da economia. As maiores altas foram registradas nas Regiões Sul e Sudeste, principais mercados de consumo do país e que exerceriam o papel de “fiel da balança” para a economia brasileira.

O senador destacou que o número de empresas que não honraram suas dívidas aumentou 18,8%, em março, em comparação com o ano passado, sendo a maior alta já registrada no mês em dois anos, de acordo com a Serasa Experian.

- Se a inadimplência continuar a crescer nesse ritmo, teremos um quadro de retração econômica e poderemos ver todo o esforço construído desde o Plano Real cair por terra abaixo. Do nosso ponto de vista, o estímulo deveria ser direcionado aos investimentos e à formação da poupança interna.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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