Filinto Muller colaborou com duas ditaduras

Marco Antonio Reis | 12/06/2012, 19h15

O ex-senador Filinto Muller, que dá nome a uma das alas de gabinetes no Senado, colaborou com as duas ditaduras que governaram o Brasil com mão de ferro no século 20. Como chefe de polícia, na ditadura Vargas; e como líder político, na sustentação do regime dos generais.

Nascido em Cuiabá, em 1900, Muller participou do Movimento Tenentista, de oposição à oligarquia da República Velha (1891-1930).  A ascensão de Getúlio Vargas em 1930, com o apoio de grande parte dos tenentes, e a posterior implantação da ditadura do Estado Novo trouxe Muller para o centro do poder político. Ele personificou a repressão violenta aos movimentos de oposição a Getúlio, principalmente comunistas, mas também integralistas. Em 1932, exerceu papel de destaque no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo. Logo em seguida, assumiu a temida Polícia do Rio de Janeiro (então capital), cargo que ocupou até 1942.

A perseguição aos opositores de Vargas gerou acusações de tortura e assassinatos. A atuação de Filinto Muller é citada, por exemplo, no episódio de deportação da mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, a judia alemã Olga Benário, que, mesmo grávida, foi entregue à Alemanha, onde seria morta no campo de concentração nazista de Bernburg.

A propósito, são frequentemente mencionadas as relações entre Filinto Muller e o regime de Hitler. Em 1937, durante o auge da popularidade do füher, visitou a Alemanha, onde se encontrou com o chefe da polícia política nazista, Heinrich Himmler.

As primeiras derrotas dos alemães na 2ª Guerra significaram a perda de prestígio de Filinto Muller. A gota d’água foi a tentativa de impedir manifestação pró aliados no Rio de Janeiro, em 1942. O movimento ocorreu, a despeito das ações do chefe de polícia, e com grande apoio popular, o que abriu uma crise no governo e a demissão de Muller.

Fora do governo, Filinto Muller assistiu à queda de Vargas. Com o restabelecimento da normalidade institucional, foi um dos fundadores do PSD, que contava com inúmeros colaboradores do ex-presidente.

Em 1947, conquistou uma cadeira no Senado por Mato Grosso. Foi reeleito em 1955 e 1962. Teve destacada atuação no Senado, exercendo a liderança do PSD e, posteriormente, do governo Juscelino Kubitscheck.

Com o Golpe de 1964 e a cassação dos direitos de inúmeros políticos – inclusive Juscelino – e a implantação do bipartidarismo, Filinto Muller filiou-se ao partido da ditadura, a Arena. Pela legenda, reelegeu-se mais uma vez em 1970.

Filinto Muller foi um dos parlamentares mais importantes no apoio ao Regime Militar, ocupando a liderança da Arena e do governo no Senado. Em 1973, assumiu a Presidência do Senado. Morreu num acidente aéreo em Paris, em julho do mesmo ano.


(Com informações do Centro de Documentação da Fundação Getúlio Vargas)

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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