Para Jorgen Randers, política e economia precisam mudar para a salvação do planeta
Paulo Cezar Barreto | 17/05/2012, 22h17
O professor de estratégias ambientais Jorgen Randers apresentou, em audiência conjunta das subcomissões de acompanhamento da Rio+20 - da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) - as ideias principais de seu livro 2052: Previsões globais para os próximos 40 anos. Em sua obra, Randers atribui os problemas ambientais futuros ao modelo político e econômico atual, lamentando que “nem o eleitor nem o capitalismo aceitam pensar em longo prazo”:
- Para aumentar a governança global é preciso aumentar a vontade do eleitor de sacrificar um pouco sua vida para seus netos. Isso é muito difícil. A forma mais fácil é tentar vender soluções a longo prazo – afirmou.
O livro 2052, ainda não editado no Brasil, marca os 40 anos de O Limite do Crescimento, que teve Randers como coautor e vendeu 15 milhões de exemplares em 30 idiomas. Randers disse que as duas obras buscam encontrar respostas sobre o que aconteceria com o planeta – que, salientou, é pequeno, não é sustentável, e apresenta um grande desafio para a sobrevivência da Humanidade como espécie. A maior preocupação do especialista ambiental é com o lento processo de tomada de decisões da sociedade, que impede respostas rápidas aos problemas ambientais.
- A humanidade não está ouvindo o que dissemos. Estamos extrapolando em consumo o que o mundo pode produzir, emitindo mais poluição do que o mundo pode absorver - afirmou.
Rio+20
Entre as previsões de Randers, a população mundial chegará a um pico de 8 bilhões, mas as mulheres seguirão a tendência de querer ter menos filhos. A redução na natalidade, segundo ele, não acabará com a fome, mas adiará certos impactos sobre o meio ambiente. O Produto Interno Bruto (PIB) global crescerá mais lentamente porque as economias industriais maduras apresentarão desaceleração, enquanto as emissões de CO2 somente voltarão a níveis normais em 2050 – Randers considera que os planos de redução a serem apresentados na Rio+20 “não vão cortar nada”.
- As coisas se ajustarão, mas a um custo de uma catástrofe para nossos netos. É uma previsão boa a curto prazo e ruim a longo prazo – frisou.
Os efeitos das mudanças no meio ambiente serão sentidos de forma diferente em cada região, segundo Jorgen Randers. Para ele, os Estados Unidos não aumentarão sua renda, pois seguirão resistentes ao Estado grande – na contramão, em seu ponto de vista, da tendência dos demais membros da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e da China. Crescerá a economia verde, mesmo que a sociedade seja forçada a esse investimento, mas a mudança envolve uma tomada de consciência e não será tão rápida quanto se imagina. Para Randers, que defendeu uma governança supranacional acima do imediatismo, a China, com seu modelo de decisões centralizadas, acabará apresentando melhores soluções para a questão climática.
Brasil
Sobre o Brasil, Randers defendeu o protagonismo do país na preservação ambiental, na sustentabilidade da agricultura e nos biocombustíveis.
- Das fontes de biocombustível, a cana-de-açúcar é a melhor, e vocês estão em posição de produzi-lo de forma decente e sustentável. Vocês devem brigar pelos consumidores da Europa e dos Estados Unidos que rejeitam essa forma de biocombustível - disse.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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