Especialistas pedem políticas para reduzir consumo de bens não renováveis

Paulo Cezar Barreto | 30/03/2012, 09h27

Na audiência pública desta quinta-feira (29) da Subcomissão Temporária de Acompanhamento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), os especialistas ouvidos pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) condenaram os padrões de consumo da sociedade, que, segundo eles, têm comprometido os recursos naturais, e propuseram a educação como forma de chamar a atenção da sociedade sobre o tema. 

Lisa Gunn, coordenadora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), relacionou os padrões de consumo aos problemas ambientais do mundo e chamou a atenção para a corresponsabilidade de governo, indústria, comércio e consumidores. Ela defendeu a implantação de políticas para desestimular o consumo de produtos menos sustentáveis ambientalmente e  cobrou “ousadia” aos legisladores por considerar que, enquanto o consumo no Brasil cresce de forma “fenomenal”, as leis em defesa do meio ambiente progridem lentamente. 

Em seu discurso, também foram condenados fatores como a obsolescência planejada, o uso irresponsável do crédito e a publicidade voltada para crianças. Em sua opinião, é possível mudar através da conscientização dos agentes envolvidos, mas é preciso apresentar alternativas que levem a mudanças de hábito e permitam a adoção de novos estilos de vida. 

Vana Tércia Silva de Freitas, analista ambiental da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, salientou que a redução do consumo é uma questão urgente à qual as pessoas terão que se adaptar, “pelo bem ou pelo mal”. Ela também criticou a imitação do que chamou de “padrão de consumo norte-americano”. 

Para Vana Tércia, o esforço pela mudança de padrões de comportamento depende fundamentalmente da educação. Também foi defendida a ação dos gestores públicos no estímulo ao consumo consciente. 

Edson Franco, coordenador do Grupo Nacional sobre Decrescimento, concordou com o papel da educação no questionamento da produção e do consumo como bases da sociedade contemporânea, e pediu uma reaproximação com a natureza e “uma certa espiritualidade”, para afastar as pessoas dos apelos comerciais da propaganda. Ao classificar o produto interno bruto (PIB) como “engodo” e criticar o governo federal por sua busca de crescimento econômico incessante, Edson defendeu a substituição do paradigma social de que consumo e crescimento são benéficos -- para ele, é preciso adotar uma visão mais realista do problema diante da escassez de recursos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: