Filipinas podem ser ponte para o sudeste da Ásia, diz embaixador

Marcos Magalhães | 29/03/2012, 14h50

As Filipinas poderão ser uma ponte entre o Brasil e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), disse nesta quinta-feira (29) o embaixador designado para representar o país em Manila, ministro de segunda classe George Ney de Souza Fernandes, cuja indicação obteve parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Em novembro do ano passado, recordou o embaixador, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, participou de reunião de cúpula da associação, em Bali, na Indonésia, e firmou declaração de adesão ao Tratado de Amizade e Cooperação do Sudeste Asiático. Ainda em 2011, acrescentou, as Filipinas foram responsáveis por um processo de aproximação entre a Asean – composta por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnam – e o Mercosul. Os dois blocos poderão vir a firmar um acordo de livre comércio.

- As Filipinas querem ser a cabeça de ponte do Brasil na Asean. Querem que o Brasil seja um parceiro de diálogo, ao nível dos Estados Unidos, e não apenas um país associado – afirmou Fernandes, cuja mensagem de indicação teve como relator o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Em resposta ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o embaixador informou que o tráfico de drogas é um problema para as Filipinas e que existem 41 prisioneiros filipinos no Brasil, acusados de tráfico de drogas. Acrescentou ainda que existe um acordo de extradição entre os dois países sob análise do Congresso Nacional. 

República Dominicana

Na mesma reunião, a comissão aprovou pareceres favoráveis às mensagens presidenciais de indicação dos ministros de primeira classe José Marcus Vinicius de Sousa e Jorge Geraldo Kadri para exercerem, respectivamente, os cargos de embaixadores junto à República Dominicana e à Polônia.

Em sua exposição aos senadores, Vinicius de Sousa – cuja mensagem de indicação teve como relatora a senadora Ana Amélia (PP-RS) – ressaltou o “potencial extraordinário” das relações entre o Brasil e a República Dominicana. Ele citou especialmente as possibilidades de ampliação da cooperação técnica e cultural entre os dois países, com ênfase nas áreas de tecnologia da informação, agricultura, saúde, desenvolvimento sustentável e energias renováveis.

Em resposta a Ana Amélia, que procurou saber em que áreas poderia crescer o relacionamento econômico bilateral, o embaixador indicado mencionou estudos que vêm sendo feitos pela empresa aérea Gol para atuação na República Dominicana, além da “grande possibilidade” de estabelecimento de novos voos entre as capitais dos estados da região Norte do Brasil e o Caribe.

Durante os debates, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou que muitos dos haitianos que chegaram ao Brasil nos últimos meses, especialmente nos estados do Amazonas e do Acre, partiram da República Dominicana – e não do Haiti. Por sua vez, o senador Randolfe Rodrigues ressaltou a necessidade de o Brasil estender ao Caribe a mesma atenção que já dedica à integração com os países da Bacia Platina, ao sul da América do Sul. 

Polônia

 Por sua vez, Kadri – cuja mensagem de indicação teve como relatora a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) – anunciou a sua intenção de promover um esforço para “diminuir o hiato que existe entre a cooperação atual entre os dois países e a cooperação potencial, muito maior”. 

Como relatou o embaixador, a Polônia atualmente exporta para o resto do mundo US$150 bilhões anuais e importa US$ 170 bilhões, apresentando, portanto, um déficit comercial de US$ 20 bilhões anuais. Nos primeiros sete meses de 2011, o comércio bilateral global alcançou US$ 547,9 milhões, com saldo de US$ 59,7 milhões para o Brasil. Ele recordou ainda que o Brasil já vendeu 26 aviões da Embraer para a polônia, além de sucos de frutas, fumo, café e açúcar.

O embaixador indicado relatou ainda que os governos dos estados de São Paulo, Goiás e Paraná – onde se concentra a maior parte da colônia de 1,8 milhão de descendentes poloneses no Brasil – já enviaram missões à Polônia.

Ao comentar as relações históricas entre os dois países, Ana Amélia observou que no interior do Rio Grande do Sul existem escolas que oferecem o ensino da língua polonesa aos descendentes de imigrantes.

Em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), interessado em saber se a Polônia passou bem pela crise europeia por ter a própria moeda, Kadri anunciou que o país adiou para 2017 a sua decisão de adotar ou não o euro e, com sua moeda soberana, adotou políticas fiscais e cambiais que favoreceram as exportações polonesas. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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