Congresso relembra história de 90 anos do PCdoB

Paulo Sérgio Vasco | 26/03/2012, 21h10

O presidente do Senado, José Sarney, saudou nesta segunda-feira (26) os 90 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), reverenciando a memória dos antigos integrantes da legenda “que desapareceram e tiveram um grande ideal” e de outras lideranças que, no presente, mantêm as mesmas ideias em favor “da melhoria do país e do futuro da humanidade”.

Sarney prestou sua homenagem ao PCdoB na abertura de sessão solene conjunta do Congresso Nacional que durou mais de três horas.

– O PCdoB é mais velho do que eu nove anos – brincou Sarney, ao registrar a proximidade com o partido, que vem desde a infância, durante a passagem de figuras históricas da legenda pelo interior do Maranhão – entre elas Maria Aragão – que iniciaram os primeiros contatos políticos com membros de sua família.

No discurso, Sarney ressaltou o momento histórico em que assumiu a Presidência da República, quando o PCdoB foi reabilitado na vida política nacional. Ele explicou que, ao substituir Tancredo Neves no comando do país, a primeira coisa que fez para se legitimar diante da nação foi mostrar que havia espaço para todas as correntes ideológicas no Brasil.

– Recebi no [Palácio do] Planalto a bancada de 11 deputados. A presença das lideranças comunistas era mais forte que qualquer medida legal. Encerramos com uma fotografia a questão da legalização dos partidos clandestinos, objeto de grande reação – afirmou.

Sarney disse que até hoje mantém uma longa admiração pelos ideais comunistas, pois neles identifica “uma idéia generosa de igualdade entre os homens que se aproxima da justiça social, uma idéia que tem capacidade de abrir corações”.

– A história do PCdoB é longa, rica de valores, sacrifícios, heroísmos – afirmou.

Além de Sarney, compuseram a Mesa a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que co-presidiu a sessão; o presidente do PCdoB, Renato Rabelo; o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE); o deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), primeiro signatário para a realização da homenagem; a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); a líder do partido na Câmara, deputada Luciana Santos (PCdoB-PE); a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti; o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo; e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.

– O PCdoB é mais que uma legenda ou uma sigla, é uma história de afirmação, de ideais de consolidação de uma proposta, de um sonho político que alimentou todos nós – disse Rose de Freitas.

A 1ª vice-presidente da Câmara ressaltou ainda que a evolução do partido foi acidentada, sendo marcada pela perseguição dos governos ao longo de décadas, com muitos quadros da agremiação encarcerados, exilados ou postos na clandestinidade.

História e compromissos

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) fez um relato da história do partido, recordando que foi na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o deputado Aldo Rebelo, no comando da Câmara dos Deputados, assumiu a presidência da República interinamente, sendo o primeiro comunista na historia do país a ocupar o cargo.

Na avaliação de Ideli Salvatti, o Brasil tem muitos compromissos com a militância do PCdoB, sendo o principal deles a localização dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970.

Já a senadora Ana Amélia (PP-RS) reiterou que foi Sarney quem recebeu os lideres comunistas, em 1985, em ato simbólico no Palácio do Planalto, quando anunciou que todos os partidos proscritos estavam legalizados a partir daquele momento. A medida, segundo ela, encerrou um período difícil da vida nacional e serviu para consolidar a redemocratização.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rebelo, lembrou a luta dos militantes pelos princípios socialistas e a presença do partido em diversos momentos importantes da história da República. Ele também destacou o papel do partido para a coalizão que sustenta o governo federal desde 2003.

Também presente à homenagem, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), agradeceu aos militantes do PCdoB a solidariedade  prestada em muitos momentos históricos ao seu partido. Segundo ele, poucas agremiações no mundo têm, como o PCdoB, uma “história marcada por vitórias e dor”, na qual o interesse nacional sempre foi prioridade.

‘Elevado tributo’

O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, destacou a característica do PCdoB de estar sempre integrado aos conflitos, aos desequilíbrios e às lutas econômicas, políticas e culturais da sociedade brasileira. Ele lembrou também o elevado tributo que o partido pagou pelo seu apreço à liberdade, pela sua fidelidade às lutas pelas transformações sociais e pela sua lealdade aos interesses legítimos da construção de um país soberano e livre.

Para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) o PCdoB, além de mais antiga agremiação política em atividade no Brasil, é também um dos partidos mais coerentes e fortes do país. Renan ressaltou que, ao longo destes 90 anos, a legenda manteve inalterada duas de suas características fundamentais: a busca pela justiça social e a capacidade de dialogar com os mais diversos segmentos da sociedade e da política.

Por sua vez, o senador Anibal Diniz (PT-AC) elogiou a dedicação insuperável do PCdoB às melhores causas do país, como a distribuição de renda, a reforma agrária, a melhoria de condições de vida da população e as liberdades democráticas. Anibal Diniz fez ainda um agradecimento especial aos comunistas do Acre, na pessoa da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB).

Para o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), o PCdoB é um exemplo de coerência e consistência política no programa partidário brasileiro. Ele disse que, mesmo que não se concorde com a sua ideologia ou a forma com que atuou em alguns momentos históricos, é preciso reconhecer que a existência do partido e a sua atuação enriqueceram a política do Brasil.

Última oradora da sessão, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) disse esperar que o PCdoB continue a ter grande participação na vida política nacional, como fez ao longo de sua história.

– Estou certa de que o partido manterá sua inconformidade com as injustiças, com a exploração do homem pelo homem, com todos os tipos possíveis de manifestação de racismo e com a discriminação odiosa das mulheres – disse.

Os 90 anos do PCdoB também foram saudados pelos deputados Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), Paes Landim (PTB-PI) e Sandra Rosado (PSB-RN).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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