Rollemberg manifesta indignação com ataque a mendigos e deplora cultura da violência

Da Redação | 29/02/2012, 16h48


Matéria corrigida em 01/03/2012 às 16h55

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) manifestou indignação, nesta quarta-feira (29), com o ataque a dois mendigos neste final de semana na cidade de Santa Maria, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a polícia, eles foram incendiados por um grupo de adolescentes enquanto dormiam. Um dos mendigos faleceu, enquanto o outro foi internado em estado grave.

O parlamentar disse esperar que a polícia dê punição exemplar aos responsáveis pelo crime. Rollemberg citou o educador Paulo Freire (1921-1997), que, ao analisar o assassinato do índio Galdino, também em Brasília, atribuiu o crime ao esgarçamento do corpo social e à banalização da violência - que valoriza mais o ter do que o ser - e leva os adolescentes a perderem o senso do certo e errado e "brinquem de matar gente".

- Não deve ser tratada como fato isolado a violência que jovens brasileiros têm praticado contra homossexuais, travestis, prostitutas, negros e mendigos - lamentou o parlamentar.

Rollemberg citou outros casos semelhantes em que um mendigo foi incendiado em Recife enquanto dormia no ano passado e dois moradores de rua em Jundiaí (SP) foram queimados e também uma criança indígena assassinada em Arame (MA). Citou estatísticas sobre a violência contra homossexuais e negros.

- No caso dos homossexuais, o Brasil está entre os países com um dos maiores registros de óbitos por homofobia, com um assassinato a cada três dias, segundo dados do Grupo Gay da Bahia. Para a população negra, a situação também é vergonhosa - afirmou, citando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais, nos últimos oito anos, a morte de negros por homicídio subiu 23,4%.

O senador também lamentou que, apesar dos avanços obtidos pela Lei Maria da Penha (Lei 11.240/2006), de proteção à mulher contra a violência doméstica, 10 mulheres são assassinadas a cada dia.

- São 137 assassinatos por dia no Brasil, que crescem na mesma proporção do sentimento de indiferença e negligência, fatos muito mais complexos do que parecem, refletindo a doença, não só dos criminosos mas da sociedade - apontou.

Rollemberg citou novamente Paulo Freire para propor uma reflexão sobre o "pensar cultural" que vem gerando uma cultura da violência pela banalização da vida, na qual a "expressão brutal da violência começa pela intolerância, que é parte do problema maior".

- Não é só problema do Estado e dos serviços de segurança, mas da excessiva espetacularização dos crimes. Não está só nas mãos de quem pratica, mas no pensar transmitido por gerações. A violência passa a ser mais normal do que transgressora, nessa complexa trama social que a sustenta - observou.

Ele disse que o desafio é o de tornar o Brasil mais humano e democrático, de modo que passemos a enxergar o outro pelo que ele é e não pelo que ele tem, construindo um corpo social orgânico e uma nova sociedade que seja sustentada por uma cultura de paz.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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