Acesso a tratamento é uma das principais dificuldades para dependentes

Da Redação | 06/10/2011, 16h14

Para o ex-deputado federal Germano Bonow (DEM-RS), um dos principais obstáculos ao tratamento de viciados em drogas, no Brasil, é justamente a dificuldade de acesso a esses tratamentos, ao contrário do que acontece em diversos países da Europa. Germano foi relator da comissão da Câmara que foi à Europa, no ano passado, para avaliar as políticas sobre drogas de Portugal, Holanda e Itália.

- Não adianta ter uma política governamental para esse tema se não houver a oferta de tratamento - declarou ele nesta quinta-feira (6), durante audiência no Senado.

Ao dar exemplos dessa lacuna, Germano frisou que não há leitos suficientes no país para usuários de drogas e que o número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) é muito pequeno. Segundo ele, "a sensação que se tem é que o Ministério da Saúde não trabalha para ter uma boa política porque é contra a internação de pessoas drogadas".

- O principal contraste entre o Brasil e os países da Europa que analisamos é que lá quem quer ser tratado tem acesso ao tratamento. Aqui, não - criticou.

Por outro lado, o ex-deputado disse ter "muita esperança" na atuação da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), vinculada ao Ministério da Justiça. Ele explicou que parte de suas expectativas se devem aos contatos que teve com Paulina Duarte, atualmente à frente do Senad, quando ela ainda era secretária-adjunta do órgão.

Comunidade terapêutica

Germano também avaliou que as comunidades terapêuticas, em grande parte vinculadas a grupos religiosos, são importantes para o tratamento, "desde que bem empregadas". Ele ressaltou que ainda falta supervisão do governo sobre essas comunidades, "que deveriam ser inseridas dentro do sistema de tratamento dos drogados".

- Há muitas comunidades terapêuticas que são excelentes, mas, como não há supervisão nem orientação, existem outras que não funcionam bem - observou.

A audiência desta quinta-feira foi solicitada pela senadora Ana Amélia (PP-RS), vice-presidente e relatora da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas. Ela pretende apresentar até o final do ano o relatório final da subcomissão.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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