Senadores cobram da CUT e da Contag pesquisas sobre dependência química entre trabalhadores

Da Redação | 05/07/2011, 18h03

Em audiência pública nesta terça-feira (5), os senadores da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, "Crack" e Outras Drogas cobraram dos representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) pesquisas mais atuais sobre a realidade da dependência química entre os trabalhadores do campo e da cidade representados por essas entidades.

A vice-presidente da subcomissão, senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), lamentou que a situação do campo em relação às drogas também seja grave. Ela cobrou das centrais sindicais e sindicatos brasileiros atuação mais contundente na prevenção e orientação de trabalhadores urbanos e rurais dependentes químicos.

Já o presidente do colegiado, senador Wellington Dias (PT-PI), disse que as secretarias de Saúde de sindicatos, centrais e confederações de trabalhadores precisam dar mais atenção ao tema, inclusive com pesquisas sobre a realidade da dependência química entre os trabalhadores.

A secretária Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Junéia Martins Batista, informou que estudos do Ministério da Saúde mostram que uma das categorias mais afetadas pelo consumo de drogas atualmente é a de caminhoneiros.

Ela explicou que esses trabalhadores do transporte de carga e de passageiros têm na maioria das vezes jornadas de trabalho extensas e exaustivas, o que faz o uso do chamado "rebite" muito comum entre a categoria. Droga derivada da anfetamina, o rebite é usado por esses trabalhadores como forma de sentirem menos sono e cansaço para poderem cumprir seus horários. O problema é que o uso dessa substância aumenta o perigo nas estradas, causando inúmeras mortes de caminhoneiros.

A representante da CUT defendeu que os dependentes químicos devem ser tratados com respeito e sem discriminação. Para ela, o Plano Nacional de Saúde precisa ter política específica sobre dependentes químicos e os conselhos de saúde estaduais precisam trabalhar integradamente nesta área.

O secretário de Políticas Sociais da Contag, José Wilson de Souza Gonçalves, disse que a pesquisa mais recente da entidade sobre o assunto data de 2003 e 2004, com enfoque na dependência química entre jovens da zona rural.

De acordo com ele, ao contrário do senso comum, o problema das drogas está bastante avançado no interior brasileiro. Um dos problemas mais atuais, segundo o secretário, continua sendo o consumo de bebidas alcoólicas. 

Drogas no campo 

José Wilson explicou que o número de motocicletas no campo aumentou muito nos últimos anos, com o aumento da renda da população, que acaba trocando as bicicletas por um meio de transporte mais eficaz e mais barato que um carro. Acontece que, com o aumento do número de motocicletas, aumentou também o número de acidentes graves com esses veículos, causados principalmente pelo consumo de bebidas alcoólicas.

O representante da Contag disse que as drogas ilícitas como crack, cocaína e maconha também já alcançaram a população rural e atingem principalmente a juventude.

- Muitos jovens do campo vão à escola nas áreas urbanas mais próximas por meio do transporte escolar público. E muitos acabam não indo às aulas e têm mais chances de se envolverem com drogas lícitas e ilícitas. Muitos até acabam levando drogas para a área rural quando retornam da escola - disse José Wilson, aproveitando para cobrar do governo a construção de mais e melhores escolas no interior do país.

Junéia Batista e José Wilson prometeram aos senadores que levarão o tema da dependência química para ser debatido com mais profundidade pelos dirigentes da CUT e da Contag e garantiram que as entidades vão realizar pesquisas sobre o assunto junto a seus representados.

A subcomissão realiza outra audiência pública nesta quinta-feira (7), também às 14h. Foram convidados representantes de entidades patronais para que seja continuado o debate sobre experiência de movimentos sindicais na prevenção à dependência química. Devem participar do encontro representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Petrobras, da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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