BC está atento a risco de captações diretas no exterior, afirma Tombini

Da Redação | 05/05/2011, 14h52

O fluxo de recursos externos para o país desde o início do ano alcançou US$ 54 bilhões, informou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência pública nesta quinta-feira (5). Ele destacou a atenção que a instituição está tendo com o fato de essas entradas envolverem forte movimento de captações diretas de empresas e de bancos. Esses ingressos foram estimados em torno de US$ 30 bilhões.

De acordo com Tombini, esses influxos cresceram muito em volume e em grande velocidade, trazendo com isso a preocupação de que possam gerar impactos inflacionários devido ao aumento da liquidez, além de riscos potenciais à estabilidade financeira. Como lembrou, durante todo o ano de 2010, as captações de empresas e bancos acumularam apenas US$ 14 bilhões e, em 2009, o saldo foi negativo.

- Isso mostra a força desses ingressos no início do ano, quando comparado aos anos anteriores - explicou.

Como reação ao movimento de ingressos desses recursos, ele citou o aumento anunciado pelo governo no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que passou para 6% no início de abril sobre as transações com prazo inferior a dois anos, para a permanência dos recursos no país.

- No dia em que as políticas lá fora reverterem e esses fluxos saírem do país, eles podem gerar potencial risco à estabilidade. É disso que estamos tratando, de mitigar esses riscos - salientou.

Tombini salientou que, por conta dos efeitos da taxação maior do IOF, as captações diretas começam a declinar. Segundo ele, a queda desses fluxos vai permitir a redução do que chamou de "vazamento" da política monetária. Ele se referia aos meios de escape utilizados por bancos e empresas para compensar medidas prudenciais já adotadas para reduzir a liquidez para conter a inflação - inclusive o retorno dos depósitos compulsórios a níveis mais elevados, depois da flexibilização durante a crise de 2009.

- Ou seja, apertamos as condições aqui e bancos e empresas vão buscar dinheiro lá fora, supostamente mais barato, na presunção de que não há risco cambial, quando na verdade há - avaliou.

Inflação

Quanto à inflação, Tombini atribuiu as pressões especialmente ao comportamento das commodities agrícolas e, no lado interno, à evolução dos preços dos serviços. De acordo com a pesquisa Focus do BC, a expectativa do mercado é de que a inflação acumulada no ano chegue a 6,37%, quase batendo no teto superior da banda de variação, de 6,5%. O presidente do BC lembrou, no entanto, que a previsão cai para 5% para o ano que vem, num declínio que revela maior convergência para o centro da meta de 4,5%.

A audiência foi promovida em conjunto por comissões técnicas do Senado e da Câmara dos Deputados. Pelo Senado, participaram a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Integrantes da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), onde as atividades acontecerem, também participaram do debate.

A reunião atendeu a exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF - Lei Complementar 101/00) de prestação de contas semestrais pelo BC ao Congresso Nacional.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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