Em fim de mandato, Mão Santa enumera suas frustrações

Da Redação | 09/12/2010, 16h21


O senador Mão Santa (PSC-PI), que encera o seu mandato em 31 de janeiro de 2011, enumerou, em discurso nesta quinta-feira (9), suas frustrações como parlamentar, notadamente em relação aos setores de segurança pública, saúde e educação. Ele afirmou que a saúde no Brasil é boa pra quem tem dinheiro e plano de saúde; lamentou que na área da educação os professores ainda não estejam recebendo seu piso salarial unificado; e disse que a violência "dominou todo o país".

- É uma barbárie. Eu não acredito em segurança quando um policial ganha mil reais - desabafou o senador, acrescentando que alguns professores ganham R$ 400 ou R$ 500.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) criticou a compra de outro avião para servir à Presidência da República que só será entregue em três anos e meio, quando não há recursos para saneamento básico. Ele também classificou como inaceitável o anúncio do ministro dos Esportes de criar um fundo de aposentadoria para jogadores de futebol com os recursos do fundo de pensão dos trabalhadores da Petrobras (Petros).

- Esses fatos são revoltantes. É preciso parar essa brincadeira, essa farra com dinheiro público - protestou Heráclito.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), também em aparte, observou que com os recursos que serão destinados à compra do novo avião presidencial - R$ 400 milhões, segundo disse - seria possível construir 12 mil casas do Programa Minha Casa Minha Vida. Ele acrescentou que os R$ 111 milhões gastos na reforma do Palácio do Planalto são "uma afronta à pobreza do país" e que a obra - segundo ele super-faturada - deveria ser incluída entra as atrações turísticas de Brasília.

- Não há critério de prioridade neste governo. O governo diz que está difícil, que tem de arrochar, que não pode dar aumento para policiais, que a PEC nº 300 [que estende aos policiais de todo o país o piso salarial pago no Distrito Federal] não pode ser aprovada, que o salário mínimo não pode ser reajustado para 600 reais, que os aposentados não podem ter um reajuste melhor, os aposentados da Varig, Vasp e Transbrasil não podem receber aquilo a que têm direito. No entanto, o governo tem dinheiro para jogar fora em uma reforma exagerada e, evidentemente, na compra de um avião absolutamente desnecessário - afirmou.

Mão Santa ressaltou que a essência da democracia é o Poder Legislativo porque garante o equilíbrio entre os três Poderes, freando ocasionais exageros e abusos do Executivo e do Judiciário. Ele assinalou a juventude da República brasileira e a necessidade de entender a natureza dos seus conflitos.

O senador reconheceu que a democracia não é perfeita, observando que a sabedoria está em um Poder não ser maior ou mais forte do que o outro. Ele frisou que as instituições devem ter em mente que "o poder é o povo".

- O povo é que paga esta estrutura, o povo é que trabalha, o povo é que é soberano e o povo é que decide - afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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