Sofia Dyminski autografa livro no estande do Senado na Bienal do Parará

Da Redação | 11/10/2010, 19h13

O estande do Senado que funcionou até esse domingo (10) na Bienal do Livro do Paraná recebeu a visita de vários poloneses e seus descendentes no último sábado (9). Eles participaram do lançamento do livro Imigrantes Poloneses no Brasil em 1891, do Padre Zygmunt Chelmicki. A tradutora da obra, a artista plástica Sofia Dyminski, 91 anos, autografou diversos exemplares e transformou-se na estrela do evento.

-Tia Sofia é uma das grandes pintoras que moram no Paraná. Esse livro foi, para ela, a realização de um sonho. Há vinte anos ela se empenha nessa tradução. Na época em que começou o trabalho, algumas pessoas a assustaram. Ameaçaram deportá-la para a Polônia se ela prosseguisse. Ela ficou apavorada, escondeu as anotações e parou. Quando eu e meu marido soubemos do assunto, a incentivamos para que continuasse - revelou a sobrinha de Sofia, Halina Dyminska Paul.

O marido de Halina, Luiz Gonzaga Paul, foi responsável pela revisão, editoração e coordenação geral do trabalho. Há cerca de sete anos, Sofia lhe entregou o livro traduzido, para revisão. Quando Luiz revisou um capítulo e meio, percebeu que estava reescrevendo o texto, ao invés de simplesmente corrigi-lo. Por achar que as frases não seguiam, em sua estrutura, a construção habitualmente usada no português, ele convidou Sofia para uma conversa.

- Dei um breque no meu trabalho porque tive a impressão de que estava efetivamente refazendo o que ela havia escrito. E não era essa a minha intenção. Fui sincero com Sofia. Disse que meu desejo era que o livro fosse realmente dela, e não meu. Minha revisão não podia ultrapassar certos limites e eu os estava ultrapassando. Pedi que ela fizesse uma revisão e me devolvesse o material. Mas ela refez todo o trabalho, datilografando com uma máquina de escrever antiga - relatou Luiz Gonzaga Paul.

Entre um autógrafo e outro, Sofia contou que interessou-se em traduzir o livro desde o instante que o encontrou na antiga biblioteca do seu pai. O livro foi adquirido quando a família passou a acalentar o desejo de imigrar para o Brasil. Como não conhecia nada do país - nem sequero clima ou o modo de vida - o chefe da família Dyminski comprou a obra do Padre Chelmicki num sebo.

Sofia descreveu que seu pai comprou aquele velho livro amarelado e levou para casa. Ela ficou vários anos sem ver a publicação, quando a encontrou, resolveu resgatar a história dos primeiros poloneses que trocaram o seu país pelo sonho de encontrar dias melhores no Brasil. A artista plástica naturalizada brasileira explicou que o livro de Zygmunt Chelmicki mostra a vida dos poloneses pioneiros como muito difícil.

- Os primeiros poloneses que chegaram foram verdadeiros sofredores. Eles não foram recebidos como visitantes, ou qualquer coisa parecida. A recepção foi totalmente diferente. Por isso achei que valia a pena traduzir. Para mostrar aos poloneses de hoje e aos seus descendentes que a vida não foi fácil para os que vieram antes de nós - afirmou Sofia Dyminski, que nasceu na Polônia em 1918, mudou-se para São Paulo em 1929 e para o Paraná em 1933.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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