Morte de Jean Charles marcou história de brasileiros no exterior

Da Redação | 29/09/2010, 18h54

Nenhum emigrante brasileiro protagonizou uma história de maior repercussão do que o eletricista mineiro Jean Charles de Menezes. Em 22 de julho de 2005, ele foi morto com oito tiros à queima-roupa por policiais da Scotland Yard, dentro de um trem do metrô de Londres, depois de ser imobilizado. A versão oficial da polícia inglesa é de que os agentes policiais o confundiram com um suspeito de terrorismo.

A morte de Jean Charles ocorreu cerca de 15 dias depois dos atentados a bomba de 7 de julho, quando 56 pessoas morreram em explosões sistema de transporte público de Londres. Segundo a Scotland Yard, o brasileiro de 27 anos não obedeceu às ordens de parar, dadas pelos policiais, o que mais tarde não foi comprovado em investigações realizadas pela Justiça e a imprensa inglesa. A polícia também afirmou que o visto de Jean Charles havia vencido quando foi morto - o que foi desmentido pelo primo do brasileiro.

Embora a polícia tenha confirmado que o brasileiro não tinha nenhuma ligação com grupos terroristas, cinco anos depois do ocorrido, nem os policiais que perseguiram e mataram Jean Charles, nem os seus superiores foram punidos. Há quatro meses, o chefe da Scotland Yard à época do episódio, Ian Blair, recebeu da coroa britânica o título de lorde.

Genericamente, em 1° de novembro de 2007, a Scotland Yard foi condenada pela Justiça britânica a pagar multa de 175 mil libras mais os custos do processo, 385 mil libras, por burlar as normas de segurança e saúde da população na operação que matou Jean Charles. Em novembro de 2009, a família Menezes ganhou uma indenização de 100 mil libras.

Em notas oficiais, o governo brasileiro manifestou-se à época do atentado e posteriormente, durante o curso das investigações. Num desses comunicados as autoridades se disseram "chocadas e perplexas" com a morte do brasileiro, "aparentemente vítima de lamentável erro". O governo brasileiro também lamentou a decisão da divisão especial de crimes do Ministério Público britânico (Crown Prosecution Service - CPS) por ter tornado "impossível a punição dos agentes que participaram do assassinato de Jean Charles de Menezes".

A repercussão do caso foi bastante ampliada pelo lançamento, em junho de 2009, do filme Jean Charles, dirigido por Henrique Goldman, com Selton Mello no papel principal. O filme acompanha a vida do emigrante brasileiro e de seus primos Alex (Luis Miranda), Patrícia (Patricia Armani) e Vivian (Vanessa Giácomo) em busca do sonho de uma vida melhor.

Em 7 de janeiro deste ano, data do 32º aniversário de nascimento de Jean Charles, um memorial dedicado a ele foi inaugurado na estação do metrô de Stockwell, onde foi atingido mortalmente. O memorial, criado por dois artistas locais, foi instalado na entrada da estação onde já havia um altar improvisado com flores, velas, fotografias, mensagens e recortes de notícias sobre o caso.

Nelson Oliveira, com informações das agências de notícias e da Wikipedia

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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