Voluntariado contribui para formação de crianças albergadas

Da Redação | 12/07/2010, 22h12

O arquiteto Mário Hermes Viggiano, 44 anos, que trabalha no departamento de engenharia do Senado, é um exemplo de como colocar o seu talento a serviço das crianças e adolescentes abrigadas em instituições públicas, ajudando a colocar em prática princípios de inserção social preconizados pelo ECA.

No início desse ano, após obter informação sobre a Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de articulação de trabalho voluntário idealizado pelo juiz Renato Scussel, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, implantado em 2006, Viggiano propôs empregar seus próprios recursos para ensinar crianças abrigadas a plantar e manter hortas orgânicas.

A ideia nasceu depois que iniciou projeto de sistema agrícola sustentável em uma área de 16 mil metros quadrados no Gama (DF), pertencente ao seu pai. "Queria difundi-lo. Optei por trabalhar nos abrigos. Ao mesmo tempo que estaria proporcionando alimentação saudável para as crianças, estaria conscientizando e preparando a cabeça delas dentro de uma visão de sustentabilidade", contou o arquiteto, que há dez anos pesquisa e desenvolve sistemas sustentáveis, que intitulou de "Casa Autônoma", inclusive com página na internet (www.casaautonoma.com.br).

A rede Anjos do Amanhã localizou o abrigo com melhores condições para o projeto. Viggiano iniciou o trabalho no Centro Comunitário Imaculada Conceição (Ceicon), em Sobradinho (DF), que possui poucas crianças e um bom terreno, inclusive com área desocupada para o plantio. "Percebi que as crianças tinham carência de atenção, mas à medida que iam se envolvendo com a horta sentiam-se úteis. O segredo é não impor a tarefa como obrigação, mas incentivar a curiosidade das crianças", relatou.

Apesar de ainda estar no começo, Viggiano já colheu impressões animadoras. Uma das crianças envolvidas com o projeto tem dez anos e um histórico de reclamações sobre o seu comportamento rebelde. "Ele prontamente se interessou pela horta. Com o tempo vamos aferir a contribuição do projeto para ela", afirmou.

O funcionário do Senado complementou que "o gasto que tive até agora compensa amplamente o que vou obter de retorno: que é um aprendizado mútuo. O que aprendo no abrigo aplico na minha propriedade e vice-versa, compartilhando as informações". Os planos de Viggiano e da rede Anjos do Amanhã são atrair outros voluntários para o projeto e expandi-lo para outros abrigos do DF.

Cintia Sasse / Jornal do Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: