Especialista diz em audiência pública que alto custo impede popularização da banda larga

Da Redação | 23/11/2009, 21h41

"O preço tem sido a barreira mais severa para impedir a ampliação da banda larga no Brasil". A constatação foi feita pelo diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões, durante painel sobre "banda larga e acessibilidade nos serviços de telecomunicações", realizado na noite desta segunda-feira (23) pela Comissão de Serviços de Infraestrutura. Ele baseou sua informação em pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet.

O comitê constatou que o alto custo impede 75% dos entrevistados de utilizarem computadores e 54% de se conectarem à internet. Nelson Simões, ainda citando dados da pesquisa, informou que 35% da população estariam dispostos a pagar por uma conexão de banda larga à rede, se seu valor fosse de até R$ 50.

O diretor de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Wohlers de Almeida, estimou que se o custo médio do fornecimento do serviço de banda larga no Brasil caísse dos atuais R$ 162 para algo em torno de R$ 81, o número de domicílios que acessam a internet via banda larga mais que dobraria. Se houvesse um acordo nesse sentido entre empresas e governo, com a possibilidade até de uma desoneração tributária, o lucro provavelmente seria maior com a queda do preço pela metade.

A terceira debatedora, a conselheira da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Emilia Maria Silva Ribeiro Curi, declarou que massificar o acesso a banda larga é uma decisão já tomada pelo governo federal, através de diversos ministérios, e também uma meta da própria agência, que vem trabalhando nesse sentido. Ela destacou que além de ampliar a oferta do serviço, a Anatel também tem se preocupado com a qualidade do acesso à internet que vem sendo oferecido no Brasil.

Durante o debate com os palestrantes, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) reclamou que o Norte está atrás das outras regiões no que diz respeito ao oferecimento do serviço de acesso a Internet. Ele citou o caso de Santarém, um dos principais municípios do Pará que somente dispõe do acesso discado.

Já o presidente da Comissão de Infraestrutura, senador Fernando Collor (PTB-AL), lembrou que se há 20 anos o Senado agendasse reunião semelhante para discutir qualquer assunto ligado à informática seria obrigado a convocar integrantes da Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (Cacex) para tratar de temas como atraso nas guias de importação.

É que naquela época o país tratava a informática como reserva de mercado. Essa política engessou o desenvolvimento tecnológico. O senador lembrou que o Brasil chegou a utilizar computadores quatro gerações atrasadas com relação aos disponibilizados nos Estados Unidos. O próprio Collor, quando presidiu o Brasil, acabou com a reserva de mercado não só no setor de informática, mas também no automobilístico.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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