No encerramento do Fórum Social Mundial, movimentos definem pauta de ações para 2009

Da Redação | 01/02/2009, 19h39

Uma assembleia que reuniu representantes dos 22 grupos temáticos que desenvolveram as mais de 2.500 atividades na 9ª edição do Fórum Social Mundial marcou o encerramento do evento na tarde deste domingo (1º), em Belém. Membros de organizações não-governamentais, militantes de partidos políticos e de movimentos sociais e estudantes do mundo todo se encontraram no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) para ouvir as orientações gerais de ação dos movimentos da esquerda para o ano de 2009.

Ao longo da semana - o fórum começou no dia 27 de janeiro - foram discutidos temas como meio ambiente e efeitos das mudanças climáticas sobre as populações da Amazônia, crise econômica e perspectivas para a esquerda, e integração regional, entre outros.

Antes da assembleia-geral, representantes do comitê organizador do Fórum Social Mundial concederam uma entrevista coletiva à imprensa. Na avaliação do sociólogo Cândido Grzybowski, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), a vinda do evento para a Amazônia representou um enorme avanço. Para ele, o território pode ser a base para a construção de uma "biocivilização". Ele destacou a participação dos povos indígenas e também dos jovens, que vieram esse ano em maior proporção.

- Ampliamos a nossa diversidade. A presença de indígenas, de figuras da Amazônia, dá outra cara ao fórum. Isso dá às pessoas a sensação de se fortalecerem e se implantarem no mapa mundi dessa nova cidadania - disse.

Em relação à crise financeira, um dos temas de maior destaque nas discussões, ele disse que não há uma resposta única.

- O que o fórum tem em comum é a ideia da reinvensão. Mas, a partir daí, há muitas agendas diferentes. Todas são legítimas, porque todas são de cidadania - disse, citando como exemplo a multiplicidade de propostas apresentadas para minimizar os efeitos da crise sobre os trabalhadores.

Já o senador José Nery (PSOL-PA), que participou da Assembleia das Assembleias, afirmou que a principal mensagem do FSM 2009 é que, para enfrentar todas as crises - financeira, ambiental, climática, alimentar ou energética -, é necessário um novo modelo de desenvolvimento. Na avaliação dele, o capitalismo não serve mais como referência.

- Enquanto, em Belém, nós fazemos a Assembleia das Assembleias com os pés na lama, os ricos estão em Davos, sobre os tapetes, gozando de um bem-estar do qual só eles podem usufruir. O que nós queremos é que o bem-estar seja compartilhado entre todos os seres humanos - disse.

Raíssa Abreu / Agência Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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