Congresso homenageia o Teatro Experimental do Sesc do Amazonas

Da Redação | 11/11/2008, 14h43

O Congresso Nacional homenageou nesta terça-feira (11), em sessão solene, os 40 anos do Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio do Amazonas (TSESC). A homenagem atendeu a requerimento do senador Adelmir Santana (DEM-DF), que ressaltou a importância das quatro décadas de atividade do teatro, num país, conforme destacou o parlamentar, onde os grupos artísticos e as atividades culturais têm vida efêmera.

Ao abrir a sessão, o presidente do Senado, Garibaldi Alves, homenageou os integrantes do TSESC, afirmando que o fato de o grupo completar 40 anos de atividade constitui-se em "efeméride rara no Brasil". Por ter um outro compromisso, Garibaldi passou então a presidência dos trabalhos ao deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), 1º secretário da Câmara dos Deputados.

Serraglio chamou para compor a Mesa da sessão solene o vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros; o presidente do TSESC, o escritor Márcio Souza; além de deputados e senadores do estado do Amazonas. Em seguida, o quarteto de cordas do SESC-DF executou o Hino Nacional, interpretado pela cantora Marília Cardoso.

Ousadia

Ao discursar na solenidade, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) lembrou que foi a ousadia a marca da estréia do Teatro Experimental quando, em 1968, na pior fase do regime militar, o grupo encenou a peça Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, que trata de uma greve operária.

- É claro que a censura logo fechou o espetáculo, mas não conseguiu desanimar seus artistas - recordou Arthur Virgílio.

Segundo o senador, esse foi o embrião do TSESC, que hoje comemora 40 anos de atividade e se especializou em temas amazonenses, como o herói indígena Ajuricaba e o sapo Tarô-Bequê, além de eventos históricos que marcaram a região, como o ciclo da borracha.

- Se eu pudesse destacar dois momentos do Teatro Experimental, eu mencionaria o fato de o grupo teatral ter nascido justamente durante a ditadura militar, ao lado do retorno de Márcio Souza, em 2004, que iniciou uma política de abrigar jovens que vieram da periferia de Manaus e de encenar seus espetáculos nesses bairros - concluiu Arthur Virgílio.

Já Adelmir Santana afirmou que a arte pode transformar a vida do cidadão e emprestar a força para encarar os desafios. Segundo ele, falar de teatro é falar de beleza e de bons sentimentos, pois essa atividade artística tem, na sua avaliação, dupla função: mudar as pessoas e transformar seu olhar para o mundo, com efeito multiplicador de beleza e celebração da vida.

O senador pelo DF disse que o grupo teatral quis entender a Amazônia, ao abrir a cena para as culturas indígenas e esmiuçar as várias etapas de seu desenvolvimento. Ele destacou que os grupos artísticos raramente conseguem sobreviver no Brasil por falta de verbas, mas acrescentou que o Serviço Social do Comércio (Sesc) tem sido reconhecido como um grande incentivador e difusor das artes em todos os estados do país.

- Na verdade, o Sesc faz mais pela cultura brasileira do que o próprio Ministério da Cultura. Isso é cidadania, é compromisso com a realidade social. O Sesc patrocina milhares de eventos marcados pela qualidade e pelo acesso fácil a todos.Música, artesanato, teatro, artes plásticas. Sem cultura, não há integração social - concluiu Adelmir Santana.

Já o senador João Pedro (PT-AM) destacou que o grupo tem compromisso histórico com os povos indígenas. Ele citou o escritor Márcio de Souza, diretor do teatro, como exemplo desse compromisso.

João Pedro também falou sobre a situação enfrentada pelos índios Waimiri Atroari, cuja reserva é cortada pela BR-174, observando que esses indígenas precisam da solidariedade para sobreviver ao avanço da civilização branca no seu território.

O senador registrou ainda que a peça Paixão de Ajuricaba, de Márcio Souza, que o TSESC apresenta ao comemorar suas quatro décadas, trata da ocupação da Amazônia.

Na mesma sessão, a deputada amazonense Vanessa Grazziotin (PC do B) comunicou que o grupo fará uma apresentação nesta terça-feira na Ceilândia, cidade-satélite de Brasília.

Comemoração

A Federação do Comércio do Amazonas e o Departamento Regional do Sesc do Amazonas realizaram uma sessão solene em sua sede, em maio passado, para celebrar os 40 anos da primeira apresentação do TSESC e outorgar medalhas a diversas personalidades ligadas à criação do grupo e aos atuais patrocinadores públicos e privados. A sessão solene do Congresso Nacional representou o ponto culminante dessas homenagens.

Para celebrar seus 40 anos de atuação no Amazonas, o TSESC selecionou três novos espetáculos, traduzidos e adaptados pelo escritor Márcio Souza, para serem apresentados em bairros de Manaus e municípios da região metropolitana da capital amazonense. Serão apresentadas as peças As mil e uma noites, uma versão teatral da grande obra-prima da literatura árabe, com 70 personagens; O encontro dos malandros, uma adaptação dos contos tradicionais do mundo e da Amazônia, destinado ao público infantil e "aos adultos que não perderam sua percepção lúdica"; bem como uma versão amazonense de Tartufo, do dramaturgo francês Molière.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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