João Pedro diz que soberania deve ser estratégia do Parlamento Amazônico
Da Redação | 14/07/2008, 14h36
Com a presença dos senadores João Pedro (PT-AM) e Serys Slhessarenko (PT-MT), foi aberta na manhã desta segunda-feira (14), no auditório do Interlegis, a reunião do Conselho Diretor do Parlamento Amazônico (Parlamaz) que tem por objetivo principal discutir e aprovar o Plano Estratégico do Parlamaz. Ao abrir o encontro, João Pedro afirmou que a soberania de cada um dos países amazônicos sobre a região é uma questão de ordem nesse debate.
O representante do Amazonas ressaltou que o interesse estratégico da Amazônia é discutido internacionalmente, mas diz respeito, principalmente, aos povos que vivem na região. O senador lembrou as afirmações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a Amazônia brasileira é do povo brasileiro.
- Nos últimos dias, ganhou relevância no Brasil a discussão acerca da soberania da Amazônia, e o próprio presidente Lula chegou a afirmar que a Amazônia tem dono, o dono da Amazônia brasileira é o seu povo - disse João Pedro.
O plano estratégico em discussão será guiado pelo princípio da soberania de cada país pertencente à região amazônica, disse João Pedro. A integração desses países e da região será feita, segundo o senador, dentro dos princípios da soberania e da solidariedade. O desenvolvimento sustentável, a diversidade étnica, cultural e lingüística também são temas que devem ser discutidos sob o prisma da soberania, na opinião do representante brasileiro.
A presidente do Parlamento Amazônico, deputada boliviana Ana Lucia Reis, destacou a necessidade da integração e colaboração dos países amazônicos para garantir a sustentabilidade econômica, social e cultural dos povos da região. A Bolívia também está representada pela deputada Zulay Zambrano, secretária-executiva do Parlamaz.
Ana Lucia Reis saudou especialmente o Suriname, novo participante do Parlamaz, que foi representado na reunião pelo presidente do Congresso daquele país, deputado Paul Somohardjo. O deputado disse que fará reunião com parlamentares do Suriname para apresentar as conclusões do encontro do Conselho Diretor do Parlamaz.
Criado em 1988 no Peru, o Parlamaz passou por uma fase de desmobilização devido a problemas políticos dos países da região e retomou seus trabalhos a partir de 2001, na Bolívia. Segundo Ana Lucia Reis, a reorganização do grupo foi retomada efetivamente para elaboração do seu plano estratégico.
A presidente do Parlamaz disse que os países amazônicos devem incrementar esse trabalho para impedir o desmatamento da floresta amazônica. Na opinião da representante boliviana, a região de selva não é apropriada para a criação de gado e plantação de soja, atividades que foram intensificadas em algumas áreas da Amazônia devido aos interesses econômicos desses setores.
O antropólogo venezuelano Ronny Velazquez disse, em palestra sobre a Amazônia Venezuelana, que a visão dos colonizadores espanhóis e portugueses de destruir ou negar as culturas e crenças dos povos da região ainda tem grande influência na percepção contemporânea sobre a questão amazônica. Segundo o antropólogo, alguns dos povos nativos não reconhecem as fronteiras criadas na região depois da colonização. Muitos dos que viviam no Peru ao longo de séculos passaram para a Colômbia e, depois, mudaram-se para a Venezuela, observou.
Geraldo Sobreira / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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