Suplicy se oferece para negociar com as Farc libertação de Ingrid Betancourt

Da Redação | 24/04/2008, 16h45

"Posso atravessar a fronteira do Brasil com a Colômbia e entrar pela floresta, desde que me indiquem o local", disse na tarde desta quinta-feira (24) o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), dirigindo um apelo aos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ).

A oferta do parlamentar petista teve como objetivo estabelecer contatos que permitam a libertação da ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt, mantida como refém pelos narcoguerrilheiros desde fevereiro de 2002. Em precárias condições de saúde, Ingrid é uma das cerca de 40 pessoas seqüestradas pelas Farc com o objetivo de serem trocadas por integrantes do grupo presos pelo governo da Colômbia.

O senador disse também que, se for o caso, poderá ir a Bogotá, capital da Colômbia, para de lá abrir os canais de negociação possíveis num momento em que as negociações foram interrompidas em todas as frentes: Colômbia, França e Venezuela. A interrupção do diálogo deixou o senador extremamente preocupado.

- Espero que este apelo chegue à floresta [onde as Farc têm seus esconderijos] porque a libertação de Ingrid interessa não só a ela e a sua família, mas igualmente à Humanidade e a todos os que defendem a democracia e a liberdade - disse o senador, visivelmente emocionado.

Suplicy leu um extrato do pensamento da ex-senadora publicado em livro do sociólogo e jornalista Guillermo Solarte Lindo. "A Política é o exercício que todo ser humano faz quando trata de sonhar um entorno ideal, portanto é um exercício coletivo, histórico, de melhoramento de condições. Creio que os sonhos são o que finalmente moldaram a história do mundo", diz Ingrid, a certa altura da entrevista a Solarte.

Em outro trecho, Ingrid faz crítica severa aos corruptos: "Nada do que propusemos tem a possibilidade de ser aplicado dentro de um Estado corrupto. Na Colômbia, persiste um clientelismo que matou o país, porque nenhuma das decisões foi tomada com o rigor que pode se pressupor de um Estado que funcione em termos de honestidade".

O neoliberalismo também foi alvo dos comentários de Ingrid: "Uma coisa é o capitalismo e outra coisa é o neoliberalismo. O que está legitimando o neoliberalismo é um capitalismo ascendente que sustenta o consumismo, e o consumismo é a produção do desperdício".

Natural de Bogotá, Ingrid Betancourt Pulecio nasceu em dezembro de 1961. Quando foi presa pelas Farc era, além de senadora, ativista anti-corrupção. Ela foi seqüestrada quando estava em campanha para as eleições presidenciais. Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Unesco. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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