Geógrafo Ab'Saber diz que savanização na Amazônia é causada pelo homem

Da Redação | 20/06/2007, 17h01

Em audiência pública na Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas, nesta quarta-feira (20) o geógrafo Aziz Ab'Saber afirmou que não é correto prever a transformação da Floresta Amazônica numa savana, mas que é necessário tomar medidas mais efetivas para proteger o ecossistema da ação predatória do homem.

- A savanização ocorrida na Amazônia foi feita pelos homens: madeireiros, pecuaristas e loteadores. Entre Marabá e Carajás a destruição do ecossistema regional é generalizada - disse o geógrafo.

Aziz Ab'Saber defendeu maiores investimentos nas universidades e institutos de pesquisa para a realização de estudos sistemáticos das mudanças do clima. Ele ressaltou que é necessário um acompanhamento mais preciso nos próximos 30 a 60 anos da elevação do nível do mar.

Para entender os fatos climáticos atuais, na opinião do geógrafo, é necessário estudar também as flutuações do nível do mar nos últimos milhares de anos. Ele afirmou que entre 22 mil e 11 mil anos atrás, época da última era glacial, o mar desceu algumas dezenas de metros devido a um grande congelamento de águas marinhas nos pólos norte e sul.

O planeta começou, há cerca de 12 mil anos uma transição para climas mais quentes, fenômeno chamado "retropicalização". Entre 6 mil e 5 mil anos atrás, o calor chegou a ponto de elevar o nível do mar em 2,80 a 3 metros, disse o professor.

Correntes quentes, capazes de aumentar a evaporação das águas costeiras, empurraram massas de ar úmidas para dentro do continente. Com isso houve um aumento do nível do mar que, segundo ele, estendeu as florestas do litoral para o interior.

Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o Brasil precisa estimular medidas como o uso de veículos de transporte não poluidores, como a bicicleta.

- No dia 15 de julho, a cidade de Paris vai colocar cerca de 25 mil bicicletas à disposição do povo para que, em mais de 1.200 lugares, as pessoas possam usar essas bicicletas pelo preço de 13 a 15 euros por ano - disse Suplicy.

O senador relatou que em cidades como Berlim, por exemplo, além dos "trams" (ônibus elétricos), o poder público estimula o uso da bicicleta para o transporte. Na Holanda, como em outros países do norte da Europa, a bicicleta é um meio de transporte popular. Na Bélgica, a prefeitura de Bruxelas oferece bicicletas gratuitas para uso da população, segundo Suplicy.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) chamou a atenção para a necessidade de proteger os chamados "refugiados climáticos", pessoas que são obrigadas a migrar, expulsas pelo avanço da desertificação ou pela inundação das áreas costeiras e ribeirinhas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: