Especialistas traçam cenário catastrófico para a Amazônia e o Nordeste

Da Redação | 30/05/2007, 20h47

As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global tenderão a transformar a Amazônia numa região de cerrado ou savana e o semi-árido nordestino em um deserto. Este foi o cenário para os últimos 30 anos deste século apresentado pelo diretor do Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Bráulio Dias, em reunião realizada nesta quarta-feira (30) na Comissão Especial Mista sobre Mudanças do Clima.

- O fenômeno de mudança do clima já começou, e precisamos tomar providências para diminuir os seus efeitos - advertiu, citando os estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e estudos contratados à comunidade acadêmica brasileira.

De acordo com Bráulio Dias, pode-se esperar um aumento de temperatura na região da Bacia do Prata; aumento médio de temperatura de 0,7% em várias cidades brasileiras, com variações bruscas para cima e para baixo; e um aumento das chuvas no sul do país.

O diretor do MMA aconselhou as autoridades e a sociedade a adotarem medidas para aliviar o impacto das alterações climáticas, mas igualmente procederem adaptações. Ele previu, por exemplo, a mudança de áreas e de espécies agricultáveis.

Para o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, o Brasil é um dos países que será mais afetado em suas florestas, com a diminuição do número de espécies e a ocorrência de mais incêndios, pragas e doenças. Ele observou que a diminuição dos rios da Amazônia e, conseqüentemente, do transporte fluvial, levará ao aumento de outros tipos de transporte mais caros e mais danosos à floresta.

- É necessário um combate feroz ao desmatamento para diminuir as perdas futuras. O problema são os custos crescentes para se conseguir fazer essa redução - disse.

Segundo Azevedo, para diminuir em 30% a perda florestal são necessários R$ 3,00 a R$ 4,00 por hectare, num custo total de R$ 2 bilhões.

Na opinião do diretor da organização não-governamental Amigos da Terra, Roberto Esmeraldi, o controle de compras de madeira por órgãos públicos pode ter um efeito importante para a preservação de florestas. Ele acredita que para o Brasil obter recursos internacionais como incentivo à proteção florestal terá que apresentar metas claras em seu programas ambientais.

Já a pesquisadora Paula Moreira, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), disse ser possível o Brasil captar US$ 500 milhões (R$ 1 bilhão) no exterior para a evitar o desmatamento.

- A derrubada de árvores e a formação de pastagens decorrem do fato de que essas atividades ainda são mais rentáveis do que a exploração de produtos como o açaí e o cupuaçu - explicou a pesquisadora.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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