Atores adolescentes da periferia santista são contra redução da maioridade

Da Redação | 30/05/2007, 20h39

Antes do início da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (30) foi exibido o documentário de sete minutos Eu fiz Querô, que narra as experiências dos jovens moradores da periferia da Baixada Santista que trabalharam como atores no longa metragem Querô. Após a projeção, Eduardo e Nildo contaram como aquela produção abriu perspectivas de futuro para os que nela trabalharam. Eles elegeram a falta de educação, cultura e lazer, de inclusão social, de estrutura familiar e de oportunidade como algumas das causas que levam o jovem ao crime.

Na mesma linha, o diretor Carlos Cortez lembrou que os próprios adolescentes que trabalharam no seu filme eram jovens favelados, moradores de cortiços que viviam em situação de risco e alguns deles já tinham participado de assaltos ou traficado drogas. Ele testemunhou que durante a filmagem os meninos-atores trabalharam com disciplina e dedicação e que não ocorreu sequer um único caso de roubo.

- Quando a gente acredita no nosso jovem, oferece uma oportunidade, mostra para ele o que é preciso fazer, ele faz. Colocar a maioridade aos 16 anos seria virar as costas para esse adolescente. Seria desistir da nossa juventude. Isso seria horrível - declarou o diretor de Querô.

Ao concordar que a criminalização não dá resultado, Zilda Arns também afirmou que o Brasil deve seguir o caminho da prevenção. A coordenadora da Pastoral da Criança opinou que tem que haver é a punição da corrupção, para que não falte dinheiro para investimentos em educação e saúde.Já o representante do Unicef, Mário Volpi, disse que o Brasil precisa seguir as orientações da Convenção sobre os Direitos da Criança, que somente não recebeu a assinatura de dois países: Somália e Estados Unidos.

- O documento diz que nenhuma pena aplicada a uma criança ou adolescente pode ser igual ou maior do que a pena do adulto. Esse é um princípio fundamental e civilizatório da sociedade - opinou Mário Volpi.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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