Lúcia Vânia: Brasil deve investir no etanol, mas ficar atento às condições de saúde nos canaviais

Da Redação | 03/05/2007, 19h24

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) afirmou nesta quinta-feira (3) que o Brasil deve investir na produção de biodiesel, mas salientou que o governo deve exigir contrapartidas de responsabilidade social das indústrias interessadas em investir no aumento da produção de cana-de-açúcar, como forma de não agravar os problemas de saúde já enfrentados pelos trabalhadores nos canaviais.

A senadora citou estudo da socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, da Universidade Estadual Paulista, segundo a qual a exigência de maior produtividade por trabalhador encurtou o seu ciclo de vida útil para 12 anos, equiparando-o ao do tempo da escravidão. Segundo o Ministério da Saúde, disse Lúcia Vânia, nos canaviais cada trabalhador perde cerca de oito litros de água por dia, em uma jornada que ultrapassa 10 horas de trabalho, com apenas uma refeição diária.

Além disso, ressaltou Lúcia Vânia, diversas doenças crônicas, especialmente as do aparelho respiratório, costumam atingir os trabalhadores, que, de acordo com sindicatos da categoria, estariam submetidos à obrigação da colheita de 10 toneladas de cana-de-açúcar diariamente.

Lúcia Vânia informou que alguns empresários já estão dando início a mudanças no sentido de beneficiar os cortadores, inclusive com contratos de trabalho e assistência médica. Ela citou a Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO), que está investindo na capacitação do trabalhador, na sua saúde e na educação de seus filhos.

A senadora também ressaltou a formalização, em março deste ano, de parceria nipo-brasileira para viabilizar financiamentos de projetos de biocombustível em Goiás. Pelo acordo, disse, estão garantidos recursos em torno de US$ 600 milhões para execução, ainda em 2008, das obras de construção do alcoolduto que ligará os terminais da Petrobras no município de Senador Canedo (GO) a Paulínea (SP). De acordo com técnicos da Fazenda estadual, a venda do produto poderá render ao país cerca de R$ 2,5 bilhões anuais.

- A expectativa é de que, da totalidade exportada, 60% saia das usinas goianas, uma vez que grande parte do alcoolduto passará pelo estado - afirmou.

Lúcia Vânia também lembrou que um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), que deverá ser divulgado nesta sexta-feira, vai sugerir que os governos dêem ênfase ao etanol como energia até 2020.

Municípios

Lucia Vânia também criticou a ausência de parlamentares da base do governo no Plenário da Câmara do Deputados na quarta-feira (2), durante a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC 285/04) que eleva em um ponto percentual, de 22,5% para 23,5%, os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

- Ao anunciar que havia recebido instruções do Ministério do Planejamento para não votar a PEC, o líder do governo afirmou que os técnicos se deram conta de que não havia dinheiro disponível para pagar as prefeituras. Mais do que a falta de recursos, o que preocupa é o fato de o presidente Lula e sua equipe não estarem falando a mesma linguagem. Pior: o presidente fazer promessas que depois não podem ser cumpridas, desautorizando-o perante toda a Nação - disse, referindo-se ao anúncio do aumento no FPM feito pelo presidente a mais de 3 mil prefeitos que realizaram um encontro em Brasília, em abril.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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