Amorim apóia realização no Brasil de Rio+20

Da Redação | 29/03/2007, 17h18

 O governo poderá adotar a proposta - defendida por diversos senadores - de realização em 2012, no Brasil, de uma nova conferência internacional de meio ambiente, a Rio+20, segundo afirmou nesta quinta-feira (29) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele demonstrou preocupação, no entanto, com a sugestão de se criar uma agência internacional de meio ambiente, que seria localizada no país.

- Poucos países terão a credibilidade e a legitimidade do Brasil para atrair uma conferência como essa - disse Amorim, em resposta a questionamento apresentado, logo no início da reunião, pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor do requerimento de realização da audiência pública.

Além de proporcionar uma oportunidade para se rediscutirem os maiores temas da agenda mundial na área de meio ambiente, segundo recordaram diversos senadores durante a audiência, a Rio+20 também abriria a possibilidade de revisão das atuais metas de redução da emissão de gases do efeito estufa. As metas em vigor, estabelecidas no Protocolo de Kyoto,vencem justamente em 2012.

Logo após apresentar seu apoio à Rio+20, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu a transformação do atual Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), com sede no Brasil. A seu ver, a agência poderia contar com recursos de US$ 100 bilhões, provenientes do recolhimento de 1% sobre as importações realizadas em todo o mundo.

Em resposta, Amorim disse que o governo brasileiro pode aceitar a criação da agência, desde que ela cuide tanto do meio ambiente como do desenvolvimento.

- Não podemos abrir mão desse ganho conceitual - justificou.

O ministro defendeu, porém, a manutenção na África da sede do Pnuma ou da agência que vier a substituí-lo.

- Retirá-lo de lá seria um desserviço a um continente que precisa de apoio - afirmou.

O senador Fernando Collor (PTB-AL) ainda voltou ao tema ao final da audiência, ponderando que algum outro órgão internacional poderia ser instalado na África, em compensação pela perda da organização ligada ao meio ambiente. Amorim admitiu então rever sua posição, se for encontrada uma compensação para o continente africano.

O meio ambiente foi tema de diversos pronunciamentos. O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) defendeu a soberania da Amazônia, que estaria em perigo, a seu ver, após críticas internacionais ao desmatamento na região. O senador Romeu Tuma (PFL-SP), por sua vez, anunciou posição contrária à importação de pneus usados da Europa.

Os ataques a alojamentos de estudantes da Guiné-Bissau na Universidade de Brasília (UnB) - considerados por Amorim um "ato vergonhoso" - foram condenados pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP). O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), por outro lado, demonstrou preocupação com que chamou de "invasão de produtos chineses", com prejuízo à indústria nacional.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) relatou a preocupação demonstrada pelo presidente da Alemanha, Horst Köller, em recente visita ao Brasil, sobre a possibilidade de o governo brasileiro seguir as opções políticas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Em resposta, Amorim - chamado pelo senador Mão Santa (PMDB-PI) de "melhor ministro" do governo - disse que "cada país tem o seu caminho" e que não lhe competia julgar um país vizinho. A reunião foi presidida pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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