Flávio Arns: na Amazônia, pobreza do povo contrasta com a exuberância da natureza

Da Redação | 27/03/2007, 17h04

Ao homenagear, nesta terça-feira (27), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é "Fraternidade e Amazônia", o senador Flávio Arns disse que a campanha convida a sociedade a uma reflexão sobre a realidade complexa da região, na qual a pobreza do povo contrasta com a exuberância da natureza e com a riqueza do subsolo.

Flávio Arns lembrou que a Amazônia atrai hoje a atenção e a cobiça mundial por conter 20% da água doce disponível no planeta; 34% das reservas mundiais de florestas, com uma riquíssima biodiversidade; 30% de todas as espécies de fauna e flora existentes; e uma "gigantesca reserva mineral" ainda pouco explorada. Ele também lembrou que a Amazônia Legal é formada por dez estados brasileiros, ocupa 59% do território nacional e 5% da superfície terrestre.

- A Amazônia, porém, é muito mais que isso - ressaltou Arns, acrescentando que "o mais importante é que vivem ali 23 milhões de irmãos brasileiros com etnias e culturas bastante diferentes".

O senador ressaltou que há na região 163 povos indígenas, os quais somariam 208 mil pessoas; milhares de descendentes de escravos distribuídos por cerca de mil comunidades quilombolas; povos ribeirinhos espalhados pelas margens do Rio Amazonas e seus mais de mil afluentes; além de migrantes, colonos e posseiros, atraídos por projetos de colonização, ciclos econômicos, como o da borracha, e grandes empreendimentos nas áreas de mineração e geração de energia elétrica.

- É uma população cujas necessidades, direitos e costumes são quase sempre ignorados quando se pensa na Amazônia - afirmou ele.

Arns apontou ainda a dificuldade para compatibilizar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico. Ele disse que "absolutizar" a preservação pode sacrificar um povo e condená-lo à miséria, enquanto entregar a região à ganância e à voracidade do capital predatório, nacional ou internacional, significa ferir mortalmente a herança de uma natureza dadivosa e indefesa".

- Como a história tem provado que a voracidade pelo lucro não tem alma, escrúpulos ou limites, faz-se necessária a presença de um Estado forte, respaldado por uma legislação coerente e firme, contando ainda com a participação popular, por meio de suas instâncias representativas - argumentou o parlamentar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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