Serys: pequenos agricultores também devem produzir etanol

Da Redação | 26/03/2007, 18h30

Ao defender em Plenário, nesta segunda-feira (26), a produção de etanol como combustível e comentar as expectativas do país com o "novo ouro do campo", a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) afirmou que "o atual modelo de produção de bioenergia que se desenha na região corre o risco de ser sustentado nos mesmos elementos que sempre causaram a opressão de nossos povos: a apropriação de territórios, de bens naturais e da força de trabalho".

- O setor sucroalcooleiro se estruturou como monocultura intensiva e extensiva, provocando a concentração da terra, da renda e do lucro - declarou ela, ressaltando ainda os potenciais riscos ao meio ambiente desse modelo.

A parlamentar argumentou que o governo federal deve garantir aos pequenos agricultores a possibilidade de produzir biodiesel, "devendo, inclusive, fazer dos assentamentos rurais um espaço privilegiado dessa produção".

Serys disse ainda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aproveitar a situação favorável - dado o interesse internacional sobre o etanol brasileiro - "para que este seja um momento de afirmação dos interesses das grandes massas que vivem e trabalham nos campos brasileiros e também dos sem-terra que podem, agora, ter a definitiva oportunidade de se beneficiar de um novo ciclo econômico".

- E também não podemos permitir que essa onda leve a monocultura da cana-de-açúcar para dentro das áreas indígenas e para outros territórios de povos originários - declarou ela.

A senadora destacou que o Brasil produz álcool "ao menor custo do mundo". Segundo ela, o preço médio do litro produzido no país, fabricado a partir da cana-de-açúcar, é de US$ 0,22, enquanto o preço médio nos Estados Unidos, onde o etanol é fabricado a partir do milho, seria de US$ 0,30. De acordo com a parlamentar, a produtividade nacional representa o dobro da norte-americana: 2,7 mil litros de etanol por acre no Brasil, contra 1,2 mil nos Estados Unidos.

- O etanol produzido com milho gera apenas 25% a mais de energia do que consome. Na cana-de-açúcar, essa eficiência é de, pasmem, 830% - afirmou ela, acrescentando que o Brasil "domina a tecnologia dos motores flex fuel".

Serys também declarou que o estado que representa, Mato Grosso, "desponta como a menina dos olhos dos investidores internacionais", porque disporia da maior quantidade de área pronta do país para o cultivo de cana-de-açúcar. Segundo ela, há nessa região, atualmente, um milhão de hectares disponíveis, os quais seriam suficientes para produzir seis bilhões de litros de álcool a cada safra. E isso, de acordo com a senadora, utilizando apenas as áreas já abertas - o que evitaria maiores impactos ambientais.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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