Globalização destrói a soberania dos países, diz Simon

Da Redação | 26/03/2007, 19h44

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou nesta segunda-feira (26), em Plenário, que a internacionalização da economia promove a destruição da soberania das nações e potencializa os efeitos da exclusão social em todos os países. Em sua avaliação, as regras da globalização parecem contribuir para a formação de "um grande país em escala mundial", o qual poderia ser chamado de "Mercado", que teria como religião o "Consumismo".

- É assim, portanto, o mundo globalizado de hoje: uma parcela incluída, uma outra excluída, com características semelhantes, independente de onde estejam localizadas. O traço comum da parcela incluída é, portanto, o consumismo, enquanto o da excluída é a fome e a miséria - avaliou.

De acordo com Pedro Simon, a globalização também promove a construção de "muros" reais e simbólicos, que dividiriam a população rica daqueles menos favorecidos, em razão da presença, cada vez mais precária, do Estado legal. A ausência do Estado também contribuiria para o surgimento de governos paralelos nas localidades mais pobres e entre as populações mais desfavorecidas.

- Mas o muro mais vergonhoso é o virtual, é o que separa corações e mentes. Chame-se isso de racismo, de discriminação, de segregação ou de outro nome qualquer. Há uma grande divisão, hoje, entre dois grandes grupos sociais: de um lado, quem ultrapassou as divisas do mundo do mercado; de outro, quem ficou fora de seus muros - afirmou.

A globalização, segundo Simon, deu origem a uma espécie de "gladiador dos novos tempos", com regras que se fundamentam na competição desenfreada e se traduzem na disputa e na rivalidade entre as pessoas.

- As arenas modernas são os vestibulares, o mercado de trabalho, o mundo digital, a concorrência comercial, os concursos com todos os tipos e características: pela vaga na escola, pelo emprego, pela beleza e tantos outros. Pior: pela vaga no hospital, pelo remédio, pela vida, enfim. Esse mundo de competição gerou novos conhecimentos, tecnologias de ponta, não há como negar. Mas destruiu valores fundamentais do comportamento humano - afirmou.

Em seu pronunciamento, Simon ressaltou que os fundamentos da globalização não foram construídos em um "passe de mágica", mas desenvolvidos ao longo dos anos nos organismos financeiros internacionais, nas universidades do mundo desenvolvido e nos principais gabinetes do poder.

- Quem não se lembra das missões internacionais do FMI [Fundo Monetário Internacional], do Banco Mundial e do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], com suas pastas pretas, recheadas de cobranças e de receituários para países e populações pobres, verdadeiras cartilhas políticas para os governantes locais ? Quem não se lembra dos famosos "consensos", como o de Washington, com sua pregação privativista e destruidora de estados nacionais ? - perguntou Simon, antes de concluir o seu discurso.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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