Conhecimento sobre a Síndrome de Down avançou muito nos últimos 20 anos, afirma neuropediatra

Da Redação | 21/03/2007, 21h13

Até duas décadas atrás, a Síndrome de Down era uma doença pouco conhecida e divulgada. Recentemente, devido à exposição do tema pela mídia e a amplos processos de mobilização da sociedade, o conhecimento sobre a síndrome ganhou nova dimensão.

Segundo a neuropediatra Jeanne Alves de Souza Mazza, da Secretaria de Assistência Médica e Social do Senado (Sams), já se sabe hoje que a Síndrome de Down não é uma deficiência mental severa e que seu portador pode ter um desenvolvimento intelectual considerável em várias áreas do conhecimento. A neuropediatra informou ainda que já se evoluiu muito nos últimos 30 anos quanto à compreensão da doença, porém o trabalho nessa área, na sua opinião, está apenas no começo.

- Se devidamente estimulada e incentivada, a pessoa com Síndrome de Down pode vestir-se sozinha, comunicar-se, ter um bom desenvolvimento espacial, realizar atividades de lazer e, dependendo do tipo de ocupação, trabalhar e ter aproveitamento escolar - disse a médica.

Jeanne Mazza afirmou que, para combater o preconceito em relação às pessoas portadoras da síndrome, ainda classificada como deficiência mental em certos círculos médicos, é necessário um esclarecimento maior da sociedade. A neuropediatra assinalou também que a expectativa de vida da pessoa com essa deficiência, que era de 20 anos de idade, em alguns casos já subiu para até 70 anos nas últimas duas décadas. Ela insistiu na importância de inserir o portador da síndrome na sociedade como forma de garantir-lhe melhor qualidade de vida.

Para a médica, a experiência mostra que crianças com Síndrome de Down devem freqüentar escolas comuns e não serem encaminhadas a escolas especiais, como vinha ocorrendo até recentemente.

Jeanne Mazza explicou que a Síndrome de Down é uma patologia genética, na qual o portador tem três cromossomos no par de número 21 ao invés de apenas dois, que seria o normal. A mutação ocorre durante a divisão dos gametas de um dos genitores, em geral a mãe.

É fácil identificar um portador de Síndrome de Down. Ele se diferencia, conforme explicou a médica, principalmente por várias alterações na face e por dificuldades de raciocínio. Apresenta também alterações cardíacas, pulmonares e urinárias. O teste intra-uterino capaz de identificar a presença da síndrome pode ser feito na 12ª semana de gestação, sendo que o risco de uma mãe de 35 anos gerar um filho com a síndrome é 4,3 vezes maior que o risco de uma mãe com 20 anos.

Embora o médico inglês Langdon Down tenha descoberto a síndrome em 1866, suas causas só seriam identificadas 93 anos depois, em 1959, pelo geneticista francês Jérôme Lejeune. Pela primeira vez no mundo, estabelecia-se um vínculo entre um estado de deficiência mental e uma anomalia cromossômica.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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