Falta de investimentos prejudica a agricultura, diz Kátia Abreu

Da Redação | 13/03/2007, 17h55

A senadora Kátia Abreu (PFL-TO) afirmou nesta segunda-feira (13), em entrevista concedida à TV Senado,que a ausência de investimentos governamentais na área de transportes representa um dos maiores entraves à agricultura brasileira. Segundo ela, a falta de conservação das estradas e de investimentos governamentais no setor de transportes prejudica os produtores rurais e colabora para o aumento do frete das mercadorias produzidas no Centro-Oeste.

- Hoje a nossa maior dificuldade é estrutural, a questão da logística no transporte de cargas. Isso, somada à falta de tecnologia, está tirando a competitividade do setor - disse a senadora.

Ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins no período de 1995 a 2005, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo, Kátia Abreu também lamentou a proibição do uso de sementes transgênicas na agricultura, tema de várias matérias publicadas pela imprensa brasileira neste final de semana.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o Brasil perde anualmente cerca de R$ 23 bilhões com a atual regulamentação sobre a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs).

- É com muita tristeza que a gente fala desse assunto, no momento em que o mundo inteiro usa semente transgênica. Claro que cuidados são necessários, mas estamos vendo hoje o plantio transgênico dominando toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, Argentina e Austrália. São países que estão tentando encostar na produtividade brasileira e deixar o produtor brasileiro para trás. E estão conseguindo, simplesmente pelo não uso de transgênicos no Brasil - disse.

Produtividade

Na avaliação da senadora pelo PFL de Tocantins, o emprego de transgênicos na agricultura poderia colaborar para a redução de custos, o aumento da produtividade e a conservação do meio ambiente.

- Somos [o Brasil] o maior produtor mundial de algodão e estamos prejudicados porque o defensivo usado na plantação custa cinqüenta por cento da lavoura. Se nós usássemos OGMs, poderíamos evitar a aplicação do defensivo. Então, ganharíamos em custo, na venda do produto e evitaríamos a aplicação de defensivo no meio ambiente, pois a semente comum necessita da aplicação de mais veneno - explicou.

A atual situação sobre o uso de transgênicos, segundo Kátia Abreu, também reforça a biopirataria, uma vez que muitos produtores rurais acabam por adquirir sementes inadequadas ao plantio.

- A classe que produz sementes se viu no prejuízo, pois essas sementes foram adquiridas de forma errada pelo produtor por uma questão de sobrevivência. O produtor de algodão, por exemplo, ou planta transgênico ou vai ter que sair do ramo porque não consegue competir com produtores de outros países - afirmou.

Kátia Abreu ressaltou que a questão dos transgênicos deve ser avaliada pelo viés científico, sem interferências ideológicas que possam prejudicar a economia do país.

- A questão humana e do meio ambiente estão em primeiro lugar, mas a gente não pode deixar de lado a questão econômica. Esse é um assunto científico, não dá para ser tratado de forma ideológica. Ciência é ciência. Um país que não respeita os seus cientistas e a pesquisa é um país que está fadado ao insucesso - frisou.

Crescimento

Em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Kátia Abreu disse que fez uma análise meticulosa do programa e constatou que a iniciativa, anunciada pelo governo em janeiro deste ano, não apresenta ações efetivas para minimizar as dificuldades dos produtores rurais.

- O Brasil, ao contrário do que ocorre nos países desenvolvidos, insiste em viver na contramão da história, em priorizar a construção de rodovias em detrimento da ferrovia e da hidrovia, que apresentam um custo mais barato tanto na construção como na utilização. Como se não bastasse, no Brasil ainda temos um grande percentual de estradas não asfaltadas - ressaltou.

O governo, na avaliação de Kátia Abreu, precisa direcionar recursos para o Centro-Oeste, pois a região constitui uma fronteira agrícola com capacidade para abastecer o Brasil e outros países.

- Nos últimos duzentos anos, a fronteira plantada nos Estados Unidos é a mesma, não tem mais para onde crescer. Assim é na Europa. No Japão, nem se fala. A grande fronteira mundial é o Brasil, sem a necessidade de desmatamento. Já temos muitas áreas desmatadas sub-utilizadas, em que poderiam ser implementadas políticas consistentes de retomada do crescimento, sem prejudicar absolutamente o meio ambiente - avaliou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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