CPI obtém autorização para utilizar dados sigilosos das contas de Duda Mendonça no exterior

Quase um mês após a viagem dos parlamentares da CPI dos Correios aos Estados Unidos, a comissão finalmente obteve, nesta quinta-feira (23), junto à Justiça norte-americana, autorização para utilização dos dados referentes à movimentação bancária do publicitário Duda Mendonça no exterior. A informação foi divulgada através de nota assinada pelo presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e pela secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas.
Para evitar vazamento, os dados sigilosos poderão ser analisados apenas por Delcídio, pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e pelos relatores-adjuntos, deputados Maurício Rands (PT-PE) e Eduardo Paes (PSDB-RJ). Os parlamentares designados terão acesso aos documentos no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça.
Na nota, Delcídio e Cláudia Chagas afirmam que a decisão representa um "importante avanço na compreensão do papel constitucional das comissões parlamentares de inquérito e marca uma evolução na cooperação entre os dois países para o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro".
De acordo com o presidente, o segundo depoimento de Duda Mendonça na comissão deverá ser marcado logo após o recesso do Carnaval. Ele garantiu que a CPI não encerrará suas atividades sem ouvir o publicitário. A apresentação do relatório final, que, pelas contas de Serraglio, já tem cerca de 700 páginas, está prevista para 20 de março.
Duda Mendonça possui pelo menos três contas bancárias nos Estados Unidos: a Dusseldorf (empresa com sede nas Bahamas e que tem conta em Nova York), por meio da qual ele admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões do Partido dos Trabalhadores (PT), via caixa dois/"valerioduto", pelos serviços de marketing político prestados durante a campanha eleitoral de 2002; a Eleven (em Nova York); e uma no Ocean Bank (Miami). Há suspeitas de que ele tenha feito uso do mesmo esquema montado com o PT em 2002 em outras eleições.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)