País ainda pode voltar a crescer rapidamente, dizem Jaguaribe e Ricupero

Da Redação | 08/12/2005, 00h00

O Brasil ainda tem tempo e condições para voltar a ser um dos países que mais crescem no mundo, concordaram o sociólogo Hélio Jaguaribe e o embaixador Rubens Ricupero, durante audiência pública promovida nesta quinta-feira (8) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Mas precisa, para isso, adotar mudanças em sua política econômica e uma postura mais decidida em favor do desenvolvimento.

Jaguaribe considerou "humilhante" a comparação do atual crescimento do Brasil com o experimentado por países asiáticos, como a Coréia, a China e a Índia. Ele atribuiu as modestas taxas brasileiras à adoção de políticas consideradas neoliberais pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. E defendeu a revalorização do Estado como promotor do crescimento.

- É possível hoje buscar um neodesenvolvimentismo, não como o do ex-presidente Juscelino Kubitschek, mas adaptado ao tempo atual e com uma dimensão regional. Devemos buscar uma aliança estratégica séria com a Argentina, a partir da qual poderíamos fortalecer o Mercosul, a Comunidade Sul-Americana de Nações e, dessa forma, adquirir massa crítica para enfrentar o imperialismo americano - sustentou Jaguaribe.

Ex-ministro da Fazenda, Ricupero disse que não é saudável a atual situação da economia brasileira. Obteve-se a estabilidade relativa de preços, admitiu, mas tendo como instrumentos um câmbio desfavorável às exportações e uma taxa de juros "hostil à produção". A saída para o país, a seu ver, está no estímulo ao comércio exterior, por meio do crescimento rápido das exportações.

- O câmbio atual coloca em perigo toda a estratégia de dar maior solidez à economia brasileira. Muitas empresas multinacionais já decidiram levar suas bases de exportações para outros países. A decisão mais urgente é a de acertar uma dose mais moderada para os juros e o câmbio - pregou Ricupero.

Na opinião do embaixador, a crise da dívida brasileira,no início dos anos 80, pode ser considerada um "divisor de águas" entre os tempos de alto crescimento e o momento atual. Os países asiáticos também foram atingidos pelo aumento dos preços do petróleo naquela época, recordou, mas saíram da crise mais fortes, por sempre terem mantido inflação baixa e déficits pequenos, além de fortes investimentos em educação e pesquisa que impulsionaram suas taxas de crescimento.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: