Dinheiro movimentado por Valério ultrapassa empréstimos, diz Fruet

Da Redação | 20/09/2005, 00h00

Ao contrário do que afirmou o empresário Marcos Valério Fernandes, grande parte do dinheiro movimentado por suas empresas não teria vindo de empréstimo contraídos junto aos Bancos Rural e BMG. A hipótese foi levantada, nesta terça-feira (20), pelo sub-relator de contratos da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O parlamentar disse que essas instituições negaram ter emprestado dinheiro a Valério e repassado ao PT. Além disso, Fruet observou que o dinheiro que seria distribuído a pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro petista Delúbio Soares "passeia" da entrada na conta bancária até a chegada ao destinatário final.

- Há uma pulverização. Não há uma relação direta entre o dinheiro que entra numa das contas de Valério e o que sai de lá no final. Isso é típico de quem faz lavagem, para evitar deixar rastros - disse.

O sub-relator chamou atenção ainda para o custo desse tipo de operação. E admitiu ser necessário analisar se houve algum tipo de compensação aos bancos nos empréstimos concedidos a Marcos Valério.

Fruet lembrou que muitos recursos foram pagos a Delúbio antes do primeiro empréstimo declarado, que teria sido contratado em 24 de fevereiro de 2003. De 7 de janeiro a 24 de fevereiro, Delúbio já teria recebido R$ 1,7 milhão do empresário. O deputado comentou também que, ao longo de 2003, Valério emitiu 537 cheques para o ex-tesoureiro petista, com recursos oriundos de diversas contas.

Diante dessas evidências, o sub-relator acredita que o dinheiro movimentado nesse esquema é superior aos R$ 55 milhões em empréstimos declarados por Marcos Valério e Delúbio Soares. A suspeita é reforçada pela identificação desses R$ 1,7 milhão repassados antes do primeiro empréstimo e de recursos enviados ao exterior.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)