Oposição reclama de definição da agenda de audiências

Da Redação | 23/08/2005, 00h00

A reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios da manhã desta terça-feira (23) começou tumultuada por reclamações em relação à definição da agenda da CPI. Para a oposição, os depoentes desta semana, Marcus Vinícius Vasconcelos Ferreira, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular, não deveriam ser ouvidos agora ou, pelo menos, não pelo plenário da comissão. Os parlamentares também discutiram se estaria havendo recrudescimento do que chamaram de "operação-abafa", se a CPI estaria transformando-se em "chapa branca", e se seria necessário trazer ou não o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, já ouvido em São Paulo, onde se encontra preso.

Nem mesmo a questão de ordem apresentada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) para que a agenda desta terça-feira (23) fosse retomada - apenas com a audiência de Ivan Guimarães, sem a análise de requerimentos - impediu a discussão.

Para o senador César Borges (PFL-BA), o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), está "desprezando o plenário" por decidir a data das audiências sem ouvir os integrantes da CPI. César Borges teria conversado com Delcídio sobre a importância de ouvir com rapidez o ex-ministro de Comunicação e Gestão Estratégica  e atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken - sugestão que não foi atendida.

- Apelo para a sua sensibilidade: não aceite pressão sobre os trabalhos da comissão - pediu Borges a Delcídio, alertando que a CPI pode voltar a ostentar o título de "chapa branca".

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lamentou que a credibilidade da CPI esteja ameaçada e defendeu a convocação de Toninho da Barcelona, do banqueiro Daniel Dantas (Opportunity), e dos ex-ministros Luiz Gushiken e deputado José Dirceu (PT-SP). Dias reapresentou um requerimento de convocação de Dantas, já que o anteriormente aprovado pela comissão havia sido remetido para a CPI do Mensalão na semana passada.

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) também considera que "a CPI está morrendo", já que a produção da comissão vem caindo dia a dia. Para ele, as três CPIs atualmente em andamento - do Mensalão, dos Bingos e dos Correios - estão "batendo cabeça" e já foram criadas, segundo ele, com o intuito, por parte dos parlamentares governistas, de não funcionar. Já a senadora Heloísa Helena  (PSOL-AL) criticou os deputados da base por hoje condenarem o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), quando, anteriormente, "ficavam agarrados a ele, dando cargos, prestígio e poder."

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) sugeriu que os depoimentos fossem tomados pelas subcomissões, inclusive os de Ivan Guimarães e Marcus Vinícius Ferreira. Já Maurício Rands (PT-PE) reclamou do fato de muitos parlamentares perderem tempo em discussões antes do início da reunião.

- Que os membros da CPI se desloquem para a análise dos documentos e não para o espetáculo dos depoimentos - disse.

 

Presidente e relator defendem CPI dos Correios

 

Parlamentares vão aos Correios pedir documentos

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)