José Vicente Brizola confirma existência de "caixa 2" no PT

Da Redação | 19/07/2005, 00h00

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos na tarde desta terça-feira (19), José Vicente Brizolaafirmou que, quando dirigiu a Loteria do Estado Rio Grande do Sul (Lotergs), foi pressionado pela ex-senadora Emília Fernandes (PT) e por seu filho Carlos Fernandes, para angariar recursos junto a concessionários públicos de loterias para a campanha eleitoral da chapa majoritária do PT em 2002.  A CPI dos Bingos foi criada para apurar denúncias de utilização de casas de bingo em lavagem de dinheiro e supostas ligações do jogo com o crime organizado.

José Vicente admitiu que chegou a apresentar empresários de jogos à ex-senadora. Quando questionado pelo senador Leonel Pavan (PSDB-SC) se teria como provar essa denúncia, José Vicente sugeriu que a CPI solicite a quebra de sigilos telefônico, fiscal e bancário da ex-senadora. Respondendo ao relator da comissão, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), sobre por que denunciou apenas em 2004 o suposto esquema de "caixa 2" para financiamento de campanha do partido, José Vicente justificou que esperava uma oportunidade para fazê-lo, que teria surgido apenas no episódio Waldomiro Diniz.

José Vicente disse que não tinha poder para tomar nenhuma decisão em sua diretoria e que todos os atos eram impostos pela Secretaria de Fazenda do Estado. Ele comparou sua atuação à frente da Lotergs com a de Waldomiro Diniz na subchefia de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, afirmando que ambos foram meros artífices de interesses maiores do PT. José Vicente disse ter convicção de que o deputado José Dirceu é o principal mandante das operações de "caixa 2" do PT.

- Quando fiz a denúncia do "caixa 2" do PT, os políticos locais do partido tentaram me desqualificar. A verdade é que denunciei algo que hoje está sendo comprovado. Eu fui o primeiro a ter coragem de denunciar - disse.

Sobre as relações do empresário de jogos de azar Carlos Cachoeira com o governo do estado do Rio Grande do Sul, José Vicente disse que foi contrário a um edital de licitação, vencido pela empresa de Cachoeira, para terceirização da loteria de números do estado, cujo valor era "muito aquém do esperado". Ele disse ainda que levou o caso ao secretário de fazenda que o autorizou a revogar o edital.

- No entanto, acabei tendo de assiná-lo ao apagar das luzes do governo Olívio Dutra, uma vez que Cachoeira recorreu e venceu na Justiça, e o governo do estado não quis recorrer - relatou.

CPI quebra sigilos de Carlos Cachoeira

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)