Ex-diretor da ECT confirma que foi indicado pelo PTB

Da Redação | 30/06/2005, 00h00

O ex-diretor de Administração dos Correios, Antonio Osório Menezes Batista, confirmou  aos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, nesta quinta-feira (30) ter sido indicado para o cargo pelo  Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Segundo Osório, quem teria feito a indicação seria o falecido deputado José Carlos Martinez, então presidente do partido. O ex-diretor garantiu ter sido o "único indicado pelo PTB para os Correios" e afirmou que, se há falhas no processo de licitação dos Correios, elas estariam no setor de pesquisa de preços. 

Osório confirmou também ser o responsável pela condução do funcionário Maurício Marinho ao cargo de chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Marinho deixou o cargo depois de ser acusado de receber propina de R$ 3 mil para favorecer uma suposta empresa em uma licitação. Na gravação em que recebia o dinheiro, o funcionário dizia ter sido indicado pelo PTB e afirmava que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) comandava um esquema de corrupção na empresa.

O depoimento de Antonio Osório, pela manhã, foi interrompido para que os parlamentares pudessem participar de votações no Plenário e deverá ser retomado quando terminar a inquirição ao deputado Roberto Jefferson. O vice-presidente da CPI, senador Maguito Vilela (PMDB-GO), destacou que Roberto Jefferson tem prioridade para ser ouvido por ser parlamentar.

No início da reunião, Antonio Osório apresentou documento autorizando a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. O ex-diretor dos Correios confirmou que Maurício Marinho teve o nome indicado a ele pelo deputado José Chaves (PTB-PE), mas que esse não foi o único motivo da nomeação para a chefia. Segundo Osório, Marinho é um "funcionário excelente", com mais de 30 anos de experiência nos Correios. O diretor garantiu que nunca viu nem ouviu falar de indícios de corrupção praticados por Marinho.

Antonio Osório afirmou também achar "difícil" haver fraudes nos processos de licitação dos Correios e destacou que a empresa usa o sistema de pregão eletrônico, mais seguro. Na opinião do ex-diretor, se houver alguma falha no processo, seria na "pesquisa de preços". O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), estranhou que os preços de referência das licitações muitas vezes pareciam "inchados" - acima dos valores praticados pelo mercado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)