Armas de fogo matam mais do que conflitos bélicos, aponta estudo
Da Redação | 27/06/2005, 00h00
- No Brasil não existe nenhum tipo de enfrentamento territorial com outros países, nenhum conflito étnico ou religioso, mas morre mais gente por arma de fogo - alertou Waiselfisz.
O sociólogo salientou que um em cada três óbitos juvenis é causado por armas de fogo, sendo esta a principal causa de morte dos jovens brasileiros. Ele informou que as armas de fogo matam 80% mais do que a Aids, índice ainda maior entre os jovens.
- Com um flagelo deste, que mata mais do que a Aids, ainda estamos discutindo se temos que proibir ou não a arma de fogo - questionou Waiselfisz. Ele citou um manual para forças de pacificação em situação de conflito, segundo o qual a primeira medida para se pacificar um país é desarmar a população.
O líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que os dados apresentados no estudo são incompatíveis com o país, que possui uma diversidade cultural pacífica e que não vive situações de conflito armado.
- Estes dados são por si só um grito de alerta ao Brasil. Parte da nossa juventude não terá chance se isto continuar. Ou o Brasil reage, ou os números estatísticos vão aumentar - avaliou Mercadante.
O representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, disse que é importante votar o projeto de decreto legislativo que autoriza a realização, em outubro, de referendo sobre a proibição de venda de armas de fogo e munição.
- A missão da Unesco é construir a paz. Mas é impossível falar em uma cultura de paz quando se tem uma situação de violência como a que o Brasil está vivendo - observou Jorge Werthein.
O representante do Movimento Viva Rio, Antonio Rangel Bandeira, ressaltou que, por influência do lobby das armas, a regulamentação do referendo esteve "engavetada por oito meses" e, se não for votada esta semana, deverá ser adiada para o próximo ano, correndo o risco de ser ignorada, uma vez que 2006 será um ano eleitoral.
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) apelou aos parlamentares da Câmara dos Deputados para que votem ainda esta semana o projeto de decreto legislativo para que o referendo sobre a proibição da venda de armas possa ser realizado em outubro.
- Este ato é mais do que o lançamento de um livro, é um apelo ao presidente da Câmara para que honre a sua palavra no sentido de fazer a votação do decreto legislativo - observou o deputado Greenhalgh. Os senadores José Jorge (PFL-PE) Wirlande da Luz (PMDB-RR) e Ideli Salvatti (PT-SC) também participaram do lançamento do livro.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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