Renan diz que Brasil torce pela eficácia da CPI

Da Redação | 10/06/2005, 00h00

Indagado, na manhã desta sexta-feira (10), sobre o risco de a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios "redundar em pizza", o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que o Brasil torce para que isso não aconteça. Em sua opinião, é fundamental que se investigue profundamente e se esclareça qualquer irregularidade praticada naquela empresa estatal. Ele também disse que é a favor da quebra de sigilos telefônico e fiscal dos acusados.

- Eu não sou contra nada. Eu acho que não dá para restringir investigação. Qualquer coisa que colaborar para o aprofundamento da investigação, que ajude a dar respostas à sociedade, será boa para o Brasil - enfatizou.

Renan lembrou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti, e ele para um novo encontro, segunda-feira (13), no Palácio do Planalto, para discutir a reforma política, entre outros assuntos. De acordo com Renan, o presidente Lula quer anunciar medidas que colaborem para a desoneração da produção e da exportação no Brasil..

Indagado sobre o impasse na organização da CPI dos Correios, Renan lembrou que não é presidente de nenhum partido, mas do Congresso e que, como tal, tem apelado aos líderes para que se entendam, a fim de que os nomes do presidente e do relator dessa comissão saiam por consenso. No seu entendimento, uma escolha consensual será melhor para todos, principalmente para as instituições.

- É fundamental que se entendam. Se não se entenderem, vão ter que disputar no voto. Talvez esse não seja o melhor caminho, mas, paciência. Eu gostaria que a CPI caminhasse no rumo da investigação e do esclarecimento. Se for necessário, eu volto a reunir os líderes. Claro que, se houver impasse, eu vou ter que tentar ajudar - ressaltou.

Na entrevista, Renan mencionou sua conversa de quinta-feira (9) à noite com o presidente da República. Contou que Lula da Silva mais uma vez enfatizou que deseja ver tudo investigado e esclarecido e que prometeu retirar ou transformar em projeto de lei algumas medidas provisórias que dificultam o funcionamento do Congresso, sobretudo o da Câmara dos Deputados.

- O presidente pediu que nós priorizássemos a reforma política e eu disse que o Senado já votou a reforma naquilo que é mais essencial. Temos feito reuniões para que ela ande também na Câmara, mas é importante que ele participe e ajude nessa mobilização. O Brasil precisa muito da reforma política para podermos aprimorar as instituições e restaurar a legitimidade dos mandatos - defendeu Renan.

O presidente do Senado esclareceu também o que foi noticiado como a proposta governamental de um novo projeto de reforma política. Ele explicou que o governo pretende apenas participar mais do processo de votação que acontece na Câmara e que o ministro da Justiça produzirá um documento a esse respeito. Renan enfatizou que não existe e nem existirá um novo projeto.

- Eu falei com o ministro da Justiça. Não há necessidade de um projeto novo, porque a reforma já está do meio para o fim. Há mais de três anos, foi votado no Senado aquilo que há de mais essencial e há um acordo entre os grandes partidos com relação ao fatiamento da reforma. Tem que ser uma reforma sistêmica, mas fatiada na sua gradação e na divisão dos assuntos - esclareceu.

O documento que será elaborado pelo ministro da Justiça, segundo Renan,  teria o objetivo de atualizar a discussão e informar o presidente da República, que quer pessoalmente participar da discussão, para também colaborar com a reforma.

- Ninguém perdoa que o Brasil não tenha feito até agora sua reforma política. O presidente quer participar desse esforço, dessa mobilização, e precisamos criar condições para que as reformas política e tributária andem na Câmara dos Deputados - disse. 

O presidente do Senado fez questão de sintetizar as mudanças da reforma política aprovada na Casa. Disse que, para as eleições do próximo ano, ela consiste no fim da verticalização - que obriga a reprodução, nos estados e municípios, das alianças firmadas em âmbito nacional - , no fortalecimento da fidelidade partidária e na federalização de partidos. Para 2008, seriam outras três mudanças: a implantação da lista mista, a proibição de coligação proporcional e o financiamento público de campanhas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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