Saturnino diz que oposição é responsável pelo clima de confronto
Da Redação | 18/05/2005, 00h00
Após o fracasso da tentativa de repetir a votação que rejeitou o nome do jurista Alexandre Moraes para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o senador Roberto Saturnino (PT-RJ), atribuiu o clima de confronto no Plenário ao tom dos discursos oposicionistas nos últimos dias. Saturnino mencionou os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), cujos discursos conteriam ameaças ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
- Quem viveu a queda de Vargas e o golpe de 1964 se lembra muito bem dessa retórica. Se o conflito se agravar, não é por culpa da bancada do governo - declarou. Saturnino disse ainda que os mesmos personagens estariam envolvidos em ambos os episódios.
Antonio Carlos respondeu que Saturnino "não deveria estar no Senado", já que teria "vendido seu mandato" a seu suplente, Carlos Lupi, do PDT. O representante da Bahia afirmou que, contra si, "nunca pesaram acusações de corrupção". Dizendo-se atingido pessoalmente, Saturnino replicou acusando Antonio Carlos de "golpista" e de "puxa-saco de governo".
O senador Arthur Virgílio respondeu a Saturnino que não poderia conter seu discurso oposicionista, mesmo que este desagradasse aos governistas. O representante do PSDB voltou a pedir investigação sobre a corrupção no âmbito do governo Lula e a criticar a rejeição do jurista indicado pela Câmara dos Deputados.
"Mar de lama"
Vários senadores da oposição criticaram a opinião de Saturnino. Antero Paes de Barros (PSDB-MT) enumerou os escândalos no âmbito do governo federal. Antero disse que "há um mar de lama" no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) afirmou que é necessário apurar a corrupção tanto no governo Lula quanto no de Fernando Henrique Cardoso. Lamentaram o clima acirrado no Plenário os senadores Ramez Tebet (PMDB-MS), Delcídio Amaral (PT-MS) e Marcelo Crivella (PL-RJ), que atribuiu as acusações mútuas ao "calor do debate".
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou que os senadores têm o dever de reparar os erros cometidos na sessão deliberativa desta quarta-feira.
- Esta Casa merece um final menos melancólico para essa grande conquista da sociedade, que é o controle externo do Judiciário - afirmou.
Ela recusou a acusação de que o governo Lula estaria mergulhado em um "mar de lama". Para a senadora, se existiu um mar de lama no país, ele foi "surfado" em governos anteriores. A parlamentar também protestou contra o uso do termo "dia negro", que teria sido citado por alguns parlamentares para caracterizar os intensos debates e a agitação política verificados na sessão. Ela lembrou o caráter politicamente incorreto da expressão, que, em sua opinião, representa a manifestação de preconceito contra os afro-descendentes.
Responderam a Ideli os senadores Antonio Carlos Magalhães, Heráclito Fortes (PFL-PI), Leonel Pavan (PSDB-SC) e Almeida Lima (PSDB-SE), que insistiu na expressão "mar de lama".
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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