Hélio Costa: suspensão de visto de jornalista arranha imagem do Brasil

Da Redação | 13/05/2004, 00h00

O senador Hélio Costa (PMDB-MG) considera que o Brasil teve sua "imagem arranhada" nos Estados Unidos com a decisão do presidente Lula de cancelar o visto do jornalista Larry Rohter, do New York Times. Na sua avaliação, o país poderá ter prejuízos econômicos com o episódio.

Para o senador, até mesmo a visita que o presidente brasileiro pretende fazer à Nova Iorque e Washington, no mês que vem, ficou prejudicada. A viagem serviria para discutir assuntos comerciais, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

- Pelo menos nesse momento, não há ambiente para a visita do presidente - acrescentou.

Hélio Costa entende que o assunto - com a decisão do governo brasileiro de expulsar o jornalista americano, devido à reportagem que relaciona o presidente Lula a problemas com alcoolismo - deve ser resolvido primeiro.

- Acho que o governo deveria rever essa posição - afirmou o senador, que é jornalista.

O senador soube da decisão do governo brasileiro algumas horas após participar - como representante do Congresso Nacional - de uma Conferência Internacional sobre Liberdade de Imprensa, em Washington, capital americana. Ele considerou lamentável a iniciativa e supõe que o presidente Lula "deve ter sido mal assessorado" no tratamento dessa questão.

Em palestra proferida durante a Conferência Internacional, Hélio Costa deixou claro que "na liberdade de imprensa está implícita a responsabilidade da imprensa", afirmou o senador para parlamentares e jornalistas do hemisfério. Ele lembrou o clima de insegurança criado, injustamente, no exterior com a candidatura Lula, vindo depois a surpresa dos observadores internacionais com os procedimentos adotados pelo novo presidente".

Apesar de discordar da suspensão do visto do jornalista, Hélio Costa criticou o teor da reportagem publicada pelo New York Times.

- O presidente é um homem do povo, simples e honesto. Não merece este tipo de ataque injusto e mentiroso feito com a única finalidade de prejudicar o país - disse o senador.

Hélio Costa aproveitou a oportunidade para fazer um relato da situação econômica em que o presidente Lula recebeu o país e dos números positivos que obteve apenas no primeiro ano de governo. "O risco país, que estava em 2.400 pontos, caiu para 600; a taxa básica de juros (Selic), que estava em 40%, desceu para 14%; o superávit da balança comercial pulou de 12 para 22 bilhões de dólares", ressaltou. Além desses indicadores, o senador destacou o crescimento vertiginoso das exportações agrícolas.

Haiti

Em resposta ao senador Hélio Costa, que participa da Cúpula de Congressos Nacionais das Américas sobre Liberdade de Imprensa, em Washington, o subsecretário de Estado para a América Latina e ex-embaixador na Organização dos Estados Americanos (OEA), Roger Noriega, afirmou que o Brasil poderá ser recompensado financeiramente pelos gastos que terá com o envio de uma força de paz para o Haiti, em atendimento à solicitação das Nações Unidas.

A pergunta de Hélio Costa referiu-se às previsões de que o Brasil teria gastado de cerca de US$ 300 milhões ao encaminhar a força de paz para o Haiti. Em seu questionamento, Hélio Costa lembrou, também conforme sua assessoria, que o Brasil tem compromissos com sua dívida externa, que têm sido cumpridos rigorosamente em dia.

"É lamentável que os Estados Unidos tenham gastado, até agora, um bilhão de dólares no Iraque, em busca de uma suposta democracia, mas esperam que o Brasil gaste milhões de dólares com a força de paz no hemisfério", disse o senador.

Noriega enfatizou a importância da participação do Brasil no restabelecimento da paz e da democracia no Haiti - caso o Congresso aprove a medida - e se comprometeu a estudar uma fórmula pela qual o governo brasileiro seria recompensado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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