Senado doa obras para instituições de deficientes visuais na Bienal de São Paulo

Da Redação | 19/04/2004, 00h00

O primeiro-secretário do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), doou, em nome da Casa, no último sábado (17), coleções de livros em braile a quatro entidades de assistência a portadores de deficientes visuais de São Paulo. Na solenidade, o parlamentar anunciou a intenção do Senado de editar livros infantis em braile, para pessoas que já nasceram com a deficiência ou a adquiriram muito precocemente.

- Temos um sonho, que é buscar livros infantis, para os que já nascem com essa doença. Uma luta que tem a simpatia geral do Senado Federal e uma atenção das entidades que congregam deficientes visuais - afirmou.

Foram agraciadas as seguintes entidades: Fundação Dorina Nowill; Associação dos Deficientes Visuais (Adeva); Instituto de Cegos Padre Chico; e a Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual (Laramara). Cada uma recebeu um exemplar dos seguintes livros: Estatuto da Pessoa Portadora de Deficiência; Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei de Doações de Órgãos ("esperança do deficiente visual", lembrou Tuma); Constituição de 1988; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); Código de Proteção e Defesa do Consumidor; e Conselho aos Governantes, a primeira obra literária impressa pelo Senado Federal.

O senador destacou as iniciativas do presidente do Senado, José Sarney, para aprimorar as edições em braile impressas pela gráfica.

- Sabemos que Deus deu dez olhos aos deficientes visuais, que são as pontas dos olhos. Precisamos dar as letras e os livros. Ainda é uma literatura muito técnica, que busca divulgar os direitos para incorporar o deficiente à cidadania, mas em breve queremos escolher algumas literaturas de lazer e uma literatura especializada à infância e à juventude - afirmou o senador, que pediu aos deficientes presentes sugestões para melhorar a qualidade das edições em braile.

Dorina Nowill, presidente de honra da fundação que leva seu nome, afirmou que os livros do Senado são bem encadernados, com braile muito claro, com altura e formato dos pontos muito bons. Apenas sugeriu que os livros tenham formato menor, "já que a gente quase precisa carregar uma mesa para ler".

- Não posso dizer com bons olhos essas edições do Senado, porque tenho olhos mais não vejo. Mas há muitos anos quis começar criação dos pequenos centros para se especializarem em determinadas áreas, e o senado está fazendo com as leis - disse Dorina, de 85 anos, cega desde os 17.

O presidente da fundação e também presidente da Editora Melhoramentos, Alfredo Weiszflog, lembrou que a fundação, com 58 anos de existência, é hoje a maior editora em braile da América Latina. Segundo ele, os deficientes visuais sempre se ressentiram da ausência de produção de textos jurídicos, lacuna que vem sendo preenchida pelas edições do Senado.

Daniel de Moraes Monteiro, da Lanamara, pediu ao senador Tuma que o Congresso aprove uma lei obrigando as editoras a fornecerem gratuitamente às entidades cópias digitalizadas de seus livros para que possam ser impressas em braile, sem o pagamento de direitos autorais.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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