Campanha pela Constituinte começou na década de 70
Da Redação | 08/10/2003, 00h00
A história da convocação da Assembléia Nacional Constituinte de 1987/88 remonta a julho de 1972, quando, reunido no Recife, o grupo autêntico do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) decidiu transformar a proposta da Constituinte na sua principal bandeira de luta. Apesar da resistência inicial da cúpula moderada do partido, o tema sempre esteve presente na atuação dos autênticos, que se incorporaram a campanhas como a da anticandidatura de Ulysses Guimarães à Presidência da República, em 1973; a luta pela anistia; a mobilização dos trabalhadores contra o arrocho salarial e as Diretas Já.
LIVRE E SOBERANA
Em maio de 1980, um congresso da OAB em Manaus reiterou, em seu documento final, o compromisso de luta pela Constituinte. A partir daí, o tema espraiou-se pela sociedade, contagiando as eleições de 1982, que permitiram o voto direto para governadores e na qual o PMDB alcançou expressiva vitória, conquistando as maiores bancadas na Câmara e no Senado. Os parlamentares do partido que tomaram posse em fevereiro de 1983 defenderam a restauração do estado de direito e a convocação de uma assembléia nacional constituinte livre e soberana, "que a própria realidade brasileira está reclamando como aspiração nacional - saída honrosa e pacífica para o impasse institucional em que a nação se encontra mergulhada". Com uma bancada de oito deputados, o PT fez uma manifestação mais contida. Em documento encaminhado à Mesa, os petistas observaram que a Constituição objeto de juramento era "outorgada e não emanada da vontade do povo ou de seus representantes eleitos e faz graves restrições aos direitos dos trabalhadores".
CONVOCAÇÃO
Finalmente, em 1984, a campanha das diretas criou condições para a derrocada do regime militar - com a eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney à Presidência - e para a convocação da Assembléia Constituinte, que ocorreu em 26 de junho de 1985, por meio de proposta enviada pelo presidente José Sarney ao Congresso, três meses depois de empossado.
ALMA
Bonavides e Paes registram que a Assembléia de 1988 foi a primeira constituinte brasileira que não se originou de uma ruptura institucional nem foi precedida de um ato de independência, como a da queda do Império ou a do fim de uma república oligárquica, posta abaixo pela Revolução de 1930. Para eles, a ruptura se operou "na alma da nação, rebelada contra o mais longo eclipse das liberdades públicas, um sistema de exceção, autoritarismo e ditadura cuja remoção a Constituinte se propunha a fazer, como em rigor o fez, promulgando a Constituição".
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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