São Paulo é rota de passagem para tráfico de mulheres

Da Redação | 16/07/2003, 00h00

Welinton Pereira da Silva, que foi coordenador da Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf) da região Sudeste, informou aos parlamentares da CPI que foram identificadas 35 rotas de tráfico de pessoas para exploração sexual comercial na região. Por dificuldades operacionais, apenas os estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram pesquisados, disse ele, que observou, no entanto, que o crime ocorre em todos os demais estados do Sudeste.

Segundo ele, o estado de São Paulo pode ser caracterizado como local de passagem das mulheres que acabam seguindo para o exterior, principalmente para a Espanha, Portugal, Bélgica, Venezuela, Suriname e Bolívia. Welinton falou que a demanda do tráfico é por mulheres negras, jovens, pois há a mística, explicou, de que esse gênero é sexualmente interessante. Essas pessoas, disse ainda, são aliciadas por métodos diversos para trabalhar, formalmente, como domésticas, artistas de boates e de pequenos comércios, mas na verdade serão prostituídas ou mesmo escravizadas.

O pesquisador também indicou a dificuldade em inibir e punir esse tipo de crime pela ausência de legislação que tipifica o tráfico de pessoas e pela dificuldade em caracterizar-se o crime, já que as pessoas envolvidas alegam que as mulheres concordam com o trabalho e com as condições oferecidas. Ele apontou ainda a conivência de agências de turismo, hotéis, boates e restaurantes no aliciamento de mulheres e até na obtenção de documentos falsos para viagem.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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