Monroe foi premiado em exposição internacional

Da Redação | 04/11/2002, 00h00

O Palácio Monroe foi a grande estrela da exposição internacional de 1904, em Saint Louis, organizada pelo governo dos Estados Unidos em comemoração aos 100 anos da compra do Estado de Louisiana. Foi grande o sucesso do pavilhão da representação brasileira, todo em estrutura metálica para possibilitar a posterior remoção para o Brasil. Os jornais norte-americanos da época elogiaram a técnica de engenharia e o perfil arquitetônico do edifício, premiado com a Medalha de Ouro da exposição.

O prédio foi inspirado na arquitetura francesa. No mesmo estilo, o construtor do Monroe, engenheiro militar Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, projetaria os prédios da Biblioteca Nacional e do Teatro Municipal (este uma cópia da Ópera de Paris), situados na mesma praça na qual o palácio foi reerguido.

O nome do palácio é uma homenagem ao presidente norte-americano James Monroe, autor da doutrina de não-intervenção no continente. Foi batizado e reinaugurado em 23 de julho de 1906, com a instalação da Terceira Conferência Pan-Americana, que congregou os chanceleres das três Américas, foi um dos pontos altos da carreira do Barão do Rio Branco e marco na história da diplomacia brasileira. O evento fazia parte da estratégia de produção de uma imagem de nação moderna e progressista que o recém-instalado regime republicano esforçava-se por firmar perante a comunidade internacional. O novo palácio contribuiu para o sucesso da conferência, pois, como legítimo representante da estética de belle époque, demonstrava a capacidade realizadora do novo governo brasileiro e sua adaptação aos padrões seguidos pela elite da época.

O perfil do Monroe identificou-se de tal forma com o Senado que, na última sessão realizada em Plenário, às vésperas da transferência para Brasília, em 1960, os senadores externaram a emoção com que se despediam não só da cidade, mas também do prédio.

Quinze anos mais tarde, o então senador Danton Jobim defendeu o palácio ameaçado de demolição, dirigindo veemente apelo ao presidente da República no sentido de que evitasse "esse verdadeiro atentado - já não digo contra a cidade do Rio de Janeiro, mas contra o patrimônio histórico do país". Jobim referia-se à campanha desenvolvida pelo Clube de Engenharia em favor do Monroe, mencionando os estudos técnicos que rebatiam os argumentos de que a existência do prédio prejudicaria o trânsito ou a ecologia. Muitas outras vozes, entre elas as do então senador Marcos Freire e do então deputado Jorge Arbage, levantaram-se em defesa do palácio, sem êxito. Da demolição, escaparam vitrais preciosos, soalhos em madeira de lei, estátuas - inclusive os leões que decoravam a escadaria de entrada -, vendidos a particulares pela empresa demolidora, além de móveis e objetos que integram o acervo histórico do Senado.

Fonte: O Senado na História do Brasil - Brasília: Senado Federal, 1996, 2ª edição revista e atualizada.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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