Ex-dirigente diz que metade da verba investida no Vasco pelo Bank of America sumiu

Da Redação | 20/02/2001, 00h00

O ex-presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama Agathyrno da Silva Gomes disse, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades no futebol brasileiro, que metade da verba destinada ao clube pelo Bank of America foi depositada na conta de terceiros por ordem do atual presidente do clube, deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ). Segundo Agathyrno, o banco investiu R$ 34 milhões pelo direito de explorar a marca e os direitos comerciais e de arena do clube, mas apenas R$ 17 milhões foram contabilizados pela Tesouraria do Vasco.

Além disso, denunciou o ex-presidente, apenas um ano depois da assinatura do contrato entre o Vasco e o banco norte-americano (o contrato foi assinado em março de 1998) o então vice-presidente de futebol Eurico Miranda anunciou aos Conselhos Fiscal e Deliberativo do clube a existência do contrato. O relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC) perguntou se a demora de Eurico em informar aos poderes constituídos do clube seria uma forma de acobertar repasse de dinheiro para terceiros.

Agathyrno respondeu que não tem provas disso, e acrescentou que, como vice-presidente de futebol, Eurico não tinha poderes estatutários para assinar o contrato. Caberia ao presidente do clube, Antônio Soares Calçada, e ao vice-presidente de finanças a condução e a assinatura do contrato de parceria entre o Vasco e o Bank of America. Agathyrno Gomes definiu como nefastas aos interesses dos clubes de futebol as parcerias que permitem a empresas privadas a exploração comercial da marca dos clubes de futebol.

O ex-presidente do Vasco disse ainda que o clube passa pela pior crise de sua história, porque além da crise financeira, há a crise moral. Informou que chegou aos detalhes do contrato do Vasco com o banco norte-americano e aos depósitos na conta de terceiros por acaso, ao atuar como advogado em um processo junto à 7ª Vara Cível do Rio de Janeiro. Ali, descobriu que o clube perdera uma ação de indenização à Portuguesa de Desportos pela morte do jogador Dener - o jogador morreu em um acidente de trânsito e o Vasco não tinha feito o seguro de vida do jogador, que pertencia ao clube paulista e estava emprestado ao Vasco. Ao examinar o caso, chegou à fonte de recursos do Vasco para pagar a indenização e, por conseqüência, ao contrato de parceria.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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