COMEÇA SEMINÁRIO SOBRE AMAZÔNIA COM MINISTRO DO MEIO AMBIENTE E PADRE PAOLINO

Da Redação | 20/10/1999, 00h00

O reavivamento do temor de quea soberania nacional sobre a Amazônia esteja sendo ameaçada nada mais é do que aatualização de temores do passado. A afirmação foi feita pelo ministro do MeioAmbiente, José Sarney Filho, ao abrir nesta quarta-feira (dia 20) o seminário "AAmazônia - patrimônio ameaçado?", organizado pela Comissão de RelaçõesExteriores (CRE), atendendo a requerimento do senador Tião Viana (PT-AC). Participoutambém desta primeira reunião, o padre Paolino Baldarassi, que reside e trabalha nasflorestas do Acre. .
O ministro teve como tema de sua palestra o controle da devastação ambiental daAmazônia para consolidar a imagem do Brasil como um país ético e com capacidade paraexercer sua autonomia sobre aquela porção do território brasileiro. Sarney Filho disseque acredita na capacidade do país para deter o processo de devastação da Amazônia eressaltou a luta que vem travando por um projeto de desenvolvimento sustentável para aregião. .
Sarney Filho explicou que, através de uma forte articulação política, o Ministério doMeio Ambiente vem firmando parcerias e desenvolvendo um diálogo proveitoso com todas asáreas do governo no sentido de afirmar a necessidade de se levar em conta o impactoambiental gerado pelas decisões e ações quando se planeja um programa dedesenvolvimento para o país. Para isso, o ministro vem acompanhando de perto aformulação do Plano Plurianual de Investimentos (PPA) para identificar ações einvestimentos que possam gerar prejuízo ambiental. .
A divisão de responsabilidades com a sociedade organizada, organizaçõesnão-governamentais e os governo estaduais, também fazem parte da ação do Ministériodo Meio Ambiente. O ministro explicou que este compartilhamento de responsabilidades énecessário porque o governo não pode resolver tudo sem a participação de todos. SarneyFilho revelou ainda ter criado uma diretoria especial para educação ambiental edisseminação de experiências de desenvolvimento sustentável bem sucedidas. .
Vindo do meio da selva acreana, após ter andado 166 quilômetros a pé visitando pequenascomunidades no interior do Acre, o padre Paolino Baldarassi apresentou-se como um"representante dos pequenos dentre os grandes" e contou como decidiu vir para oBrasil. Na juventude, Padre Paolino sofreu os horrores e a fome durante a segunda guerramundial na Itália. "Sofri tanto na vida que queria ser um alívio para as pessoasque sofriam", disse o religioso. .
Padre Paolino relatou as dificuldades que enfrentou por defender os seringueiros contrafazendeiros e madeireiros que queriam expulsá-los da terra em que viviam por mais de 20anos. O religioso foi responsável pela construção de mais de 100 escolas dealfabetização em seringais e pela criação do Catecismo da Terra, que explicava osdireitos legais daqueles trabalhadores sobre a terra onde viviam e de onde tiravam o seusustento. "Foram as investidas de fazendeiros e madeireiros que jogaram as pessoasnas periferias das cidades", avaliou. .
O padre também ajudou na criação de várias pequenas associações e defendeu a voltado seringueiro para a mata, bem como o reflorestamento das áreas devastadas. PadrePaolino reivindicou um preço digno para a borracha e revelou que a extração decastanhas começou a dar lucro para os seringueiros, fazendo com que ganhem dinheiro semprecisar derrubar a mata. "Agora, o seringueiro pode dizer: eu também sougente", concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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